Como não vi em directo o debate entre os candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos, apenas hoje me foi possível fazer a análise ao que de mais importante se passou na noite de Quinta-feira. Depois de ver a gravação, pareceu-me que Joe Biden foi o vencedor, ainda que não tenha sido, de maneira nenhuma, um triunfo com a dimensão da vitória de Mitt Romney no primeiro debate entre os nomeados presidenciais.
O debate foi interessante, com substância e entre dois candidatos que mostraram estar à altura do momento. A primeira parte do debate foi dominada pela temática da política externa, onde Joe Biden se sente como peixe na água e esteve, sem surpresas, por cima de Paul Ryan, ainda que este, apesar de não ter grande experiência nesta matéria, não se saiu mal. Nesta secção, o melhor momento do actual Vice-presidente terá sido quando respondeu às críticas lançadas por Ryan relativamente às condições de segurança do Embaixador norte-americano assassinado em Benghazi, lembrando que foi Paul Ryan, enquanto Presidente da Comissão do Orçamento na Câmara dos Representantes a reduzir em 300 milhões de euros os fundos para a segurança das embaixadas dos Estados Unidos.
Se na política externa era Biden o favorito, já nas questões do foro interno, em especial nos temas económicas, esperava-se que Ryan estivesse por cima. E, de facto, o candidato republicano atacou de forma assertiva o registo económico do primeiro mandato da dupla Obama/Biden na Casa Branca. Mas Biden, experiente nestas andanças, reagiu eficazmente e colocou pressão em Ryan para que o congressista do Wisconsin desse mais detalhes sobre a proposta de orçamento republicana. Contudo, Ryan não foi específico e voltou a não dar explicações sobre como uma administração republicana irá ser capaz de descer os impostos sem agravar o défice federal.
A nível de conteúdo, o vencedor foi, e de forma relativamente clara, Joe Biden. Mas, na forma, o Vice-presidente pecou por algumas expressões e comportamentos que demonstraram um certo desdém, se não mesmo desprezo, pelo seu adversário, chegando mesmo a rir-se enquanto Paul Ryan falava. Biden tentou, claramente, cumprir onde Obama falhou, mostrando-se dinâmico, envolvido no debate e agressivo. Por sua vez, Ryan adoptou uma postura tranquila, parecendo apenas irritado por ser repetidamente interrompido por Biden.
No fim de contas, Joe Biden pareceu-me levar a melhor sobre Paul Ryan, o que não deixa de ser natural, já que o antigo Senador do Delaware é um político mais experiente e que, em 2008, teve de passar por inúmeros debates nas primárias presidenciais democratas e por um debate vice-presidencial face a Sarah Palin. Ainda assim, o debate foi equilibrado e muitos analistas consideraram que o resultado final se saldou num empate. Por isso, o debate vice-presidencial não deverá ter grande impacto na corrida pela Casa Branca, que, desde o frente-a-frente de Obama e Romney, está mais renhida do que nunca.
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