O apoio da maioria do establishment republicano à nova legislação do Arizona sobre a imigração trouxe a lume um tema que há já algum tempo é debatido pelos estudiosos da política norte-americana: o possível problema demográfico do Partido Republicano, decorrente da sua precária incursão nas crescentes minorias americanas. Depois de terem perdido, há muitos anos, o eleitorado afro-americano, o GOP pode estar em vias de perder um grupo cada vez mais numeroso e fundamental: o hispânico.
É verdade que, segundo as sondagens, esta lei conta com o apoio da maioria da população americana. Porém, o que os estudos de opinião não nos indicam é o nível de importância que cada comunidade concede a este tema. Porque se assim fosse, estou convencido que mostrariam que a maioria dos eleitores que favorecem esta lei não fariam deste tópico um dos principais factores no momento de decidirem o seu voto. Mas, pelo contrário, os eleitores hispânicos, cujos familiares e amigos (e até eles próprios) serão os mais afectados por esta legislação, concederão uma importância tal a esta matéria que poderá mesmo influenciar directamente o seu sentido de voto. Assim, se os republicanos optarem por fazer do apoio a esta lei um dos elementos da sua plataforma eleitoral, poderão estar a dizer adeus, talvez definitivamente, aos votantes latinos.
Hoje em dia, este eleitorado é cada vez mais essencial para a matemática eleitoral dos EUA, dado que representa já cerca de 15% da população americana e com clara tendência para aumentar. A importância do voto hispânico merece ainda mais destaque quando se observa que, em muitos dos mais importantes estados para as eleições presidenciais, os latinos formam uma grande parte dos votantes. Em 2008, o exemplo do New Mexico salta à vista, com os seus 41% de votantes hispânicos, mas também o Texas (20%), a Califórnia (18%), o Arizona (16%), o Nevada (15%), a Florida (14%) ou o Colorado (13%) merecem destaque. Por isso, não é de surpreender a cada vez maior atenção prestada pelos políticos americanos a esta franja eleitoral. Na última eleição presidencial, Obama, que muitos analistas consideravam ir ter muitas dificuldades em captar o voto dos hispânicos, conseguiu receber dois terços dos votos deste grupo, melhorando mesmo o saldo de John Kerry que, em 2004, apenas tinha conseguido 60% desses votos.
Este potencial conflito entre o GOP e a comunidade latina é um fenómeno que tem similaridades com a famosa "estratégia sulista" dos republicanos, nos anos 60, que lhes custou, até hoje, o voto dos afro-americanos, mas que lhes conquistou o voto dos brancos do sul que, até essa altura, preferiam, maioritariamente, no Partido Democrata. Dessa vez, o GOP conseguiu ganhos reais, dado que o peso desses eleitores brancos sulistas, mais numerosos e mais participativos politicamente, mais que compensou a perda dos afro-americanos. Só que, quase 50 anos depois, o cenário alterou-se e, agora, a comunidade branca é a única com tendência para diminuir, enquanto os afro-americanos e, especialmente, os hispânicos continuam a crescer demograficamente. Assim, ao alienar este grupo de eleitores americanos que, ainda para mais, se encontra em franco crescimento, o GOP pode inclusive pôr em causa o seu futuro eleitoral e político.
É verdade que, segundo as sondagens, esta lei conta com o apoio da maioria da população americana. Porém, o que os estudos de opinião não nos indicam é o nível de importância que cada comunidade concede a este tema. Porque se assim fosse, estou convencido que mostrariam que a maioria dos eleitores que favorecem esta lei não fariam deste tópico um dos principais factores no momento de decidirem o seu voto. Mas, pelo contrário, os eleitores hispânicos, cujos familiares e amigos (e até eles próprios) serão os mais afectados por esta legislação, concederão uma importância tal a esta matéria que poderá mesmo influenciar directamente o seu sentido de voto. Assim, se os republicanos optarem por fazer do apoio a esta lei um dos elementos da sua plataforma eleitoral, poderão estar a dizer adeus, talvez definitivamente, aos votantes latinos.
Hoje em dia, este eleitorado é cada vez mais essencial para a matemática eleitoral dos EUA, dado que representa já cerca de 15% da população americana e com clara tendência para aumentar. A importância do voto hispânico merece ainda mais destaque quando se observa que, em muitos dos mais importantes estados para as eleições presidenciais, os latinos formam uma grande parte dos votantes. Em 2008, o exemplo do New Mexico salta à vista, com os seus 41% de votantes hispânicos, mas também o Texas (20%), a Califórnia (18%), o Arizona (16%), o Nevada (15%), a Florida (14%) ou o Colorado (13%) merecem destaque. Por isso, não é de surpreender a cada vez maior atenção prestada pelos políticos americanos a esta franja eleitoral. Na última eleição presidencial, Obama, que muitos analistas consideravam ir ter muitas dificuldades em captar o voto dos hispânicos, conseguiu receber dois terços dos votos deste grupo, melhorando mesmo o saldo de John Kerry que, em 2004, apenas tinha conseguido 60% desses votos.
Este potencial conflito entre o GOP e a comunidade latina é um fenómeno que tem similaridades com a famosa "estratégia sulista" dos republicanos, nos anos 60, que lhes custou, até hoje, o voto dos afro-americanos, mas que lhes conquistou o voto dos brancos do sul que, até essa altura, preferiam, maioritariamente, no Partido Democrata. Dessa vez, o GOP conseguiu ganhos reais, dado que o peso desses eleitores brancos sulistas, mais numerosos e mais participativos politicamente, mais que compensou a perda dos afro-americanos. Só que, quase 50 anos depois, o cenário alterou-se e, agora, a comunidade branca é a única com tendência para diminuir, enquanto os afro-americanos e, especialmente, os hispânicos continuam a crescer demograficamente. Assim, ao alienar este grupo de eleitores americanos que, ainda para mais, se encontra em franco crescimento, o GOP pode inclusive pôr em causa o seu futuro eleitoral e político.
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