A aprovação pela Câmara dos Representantes da reforma da saúde americana foi uma grande vitória para os democratas e, ao mesmo tempo, uma pesada derrota para os republicanos, que sempre se mostraram totalmente contra esta legislação.
Segundo as sondagens, e como a eleição especial para o Senado no Massachusetts demonstrou, o GOP pode vir a ter ganhos eleitorais à custa desta reforma já em Novembro e, quem sabe, nas presidenciais de 2012. Porém, o Partido Republicano também tem a perder com a aprovação desta legislação histórica.
Em primeiro lugar porque, como afirmou David Frum, conservador e antigo speechwritter de Bush, o GOP, ao minar esta proposta de lei para prejudicar politicamente Barack Obama, perdeu uma excelente oportunidade de influenciar uma reforma de grande importância. Assim, ficaram algo catalogados como o partido do "não", apenas interessados em constituírem-se como uma força de bloqueio a eventuais realizações da administração democrata, em vez de se assumirem como uma oposição construtiva e responsável.
Depois, porque as reacções de alguns membros do Partido Republicano e de manifestantes contra a reforma após aprovação da proposta de lei foi indecorosa. Ainda no interior do Congresso, o congressista republicano Randy Neugebauer gritou "baby killer" em direcção ao seu colega democrata, Bart Stupak, fazendo lembrar o episódio do republicano Joe Wilson, quando este gritou "you lie" ao Presidente Obama. Já no exterior, os manifestantes que se opunham à reforma da saúde insultaram e cuspiram alguns congressistas democratas. A liderança republicana foi rápida a condenar e a afastar-se desta conduta mais inflamada por parte de algumas facções do seu partido, mas está ainda na memória de todos o impacto negativo que os excessos cometidos nas manifestações anti-guerra do Vietname tiveram no Partido Democrata.
Agora, o GOP promete anular esta reforma quando conseguir o controlo do Congresso. Contudo, isso não bastará para que os republicanos sejam capazes de revogar esta legislação. Isto porque, mesmo que conseguissem triunfos expressivas nas intercalares deste ano, será impossível para os republicanos conseguirem uma maioria no Senado à prova de um previsível fillibuster democrata e só uma vitória na eleição presidencial de 2012 permitiria impedir o veto de Barack Obama. Sendo assim, este cenário da anulação da reforma não parece, pelo menos para já, exequível.
Resta, então, ao Partido Republicano tentar capitalizar ao máximo a imagem de uma reforma impopular, aprovada por meios menos consensuais como o Reconciliation, mas, ao mesmo tempo, mostrando ideias e programas próprios para melhorar a situação do país. Se o fizer, 2010 pode ser para o GOP, o que 2006 e 2008 foram para os Democratas.
Os ânimos continuam a aquecer, com os opositores desta reforma a agirem de modo nada digno e legítimo, partindo para as ameaças, o dano de propriedade e o uso de imagens de familiares de democratas que votaram a favor.
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