Domingo, 21 de Março de 2010 tornou-se um dia histórico para os Estados Unidos da América. Barack Obama e os democratas conseguiram fazer passar, na Câmara dos Representantes, a tão almejada reforma do serviço de saúde americano, algo que vários presidentes, desde Ted Roosevelt, tentaram realizar, mas sem sucesso.
Ontem, a reforma foi aprovada pela câmara baixa do Congresso com o voto favorável de 219 congressistas, todos democratas. Este êxito na persuasão e convencimento de muitos democratas indecisos é mérito de Obama, mas muito particularmente da speaker Nancy Pelosi que mostrou liderar a sua câmara com pulso firme e com grande capacidade de influência.
Para esta reforma se concretizar efectivamente falta apenas a passagem no Senado, que não será realizada através de uma votação comum, mas sim recorrendo ao método de Reconciliation, o que permitirá a aprovação da proposta com apenas uma maioria simples, alargando, desta forma, a cobertura dos serviços de saúde a novos 30 milhões de americanos, anteriormente sem acesso a eles.
Porém, esta vitória política dos democratas, que provavelmente os irá beneficiar a médio/longo prazo, poderá ter consequências negativas para a reeleição de muitos congressistas democratas nas eleições intercalares de Novembro. Costuma-se dizer que há duas coisas que o público não deve ver nem saber como são feitas: as leis e as salsichas. Ora, todo este processo, envolvido em grande polémica e fricção entre os dois partidos, foi disputado em plena praça pública, o que se tornou um dos factores para a impopularidade desta reforma. Além disso, o procedimento que irá ser utilizado para fazer passar a proposta no Senado poderá causar ainda maior insatisfação entre os americanos.
Mas esta é, sem dúvida nenhuma, uma vitória de enormes proporções para Barack Obama, que cumpre uma das maiores promessas da sua campanha: a criação de um serviço de saúde universal. Depois deste triunfo legislativo, um dos maiores, senão o maior, de um presidente americano nos últimos 50 anos, será muito difícil caracterizar Obama como um presidente sem obra feita. A este feito notável, junta-se o pacote de estímulos financeiros e a nomeação da primeira mulher latina para o Supremo Tribunal, o que representa já um interessante leque de realizações da sua presidência, em pouco mais de um ano de mandato.
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