quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sem surpresas


Barack Obama proferiu, ontem, o seu primeiro discurso do Estado da Nação. Teve uma prestação, como é seu apanágio, competente e agradável de seguir. Mas, apesar de ter sido um bonito discurso, a verdade é que não trouxe grandes novidades e veio de encontro ao que se esperava.
Como era expectável, os principais destaques da sua longa comunicação (69 minutos) foram para os assuntos domésticos, nomeadamente a economia e a saúde. Reassumiu a sua promessa de tudo fazer por melhorar a situação económica do país e garantiu não ir desistir da reforma do Serviço de Saúde americano. Nesta fase, lembrou aos Democratas que, apesar dos maus resultados nos últimos tempos, ainda possuem a maior maioria das últimas décadas e, num laivo de bipartidarismo, afirmou estar disponível para ouvir as propostas dos Republicanos, desde que estas tivessem como objectivo o bem estar dos cidadãos.
O presidente americano também se tentou defender das acusações de não estar a cumprir as promessas feitas durante a campanha e de não estar a atingir as elevadas expectativas que criou em relação à sua presidência. I never said change would be easy, declarou.

Foi, acima de tudo, um discurso para todos os gostos, numa tentativa de criar um clima de reconciliação, não só com o GOP, mas também com a ala mais liberal do Partido Democrata, que parece cada vez mais desiludida consigo. Assim, o presidente americano apresentou ideias que terão agradado aos liberais, como o fim da política do "don't ask, don't tell", que irá acabar com a discriminação dos gays, nas forças armadas, e o anúncio da retirada do Iraque, até Agosto deste ano. Por outro lado, também se referiu a medidas mais ao gosto dos conservadores, como alguns cortes fiscais ou a redução do défice.

Com este discurso, centrista e politicamente seguro, Obama tenta recuperar algum do ímpeto que teve no início do seu mandato e dar a volta ao momento mais negativo da sua presidência. Mas é certo que não irá lá apenas com discursos, pois será julgado, acima de tudo, pelos seus actos e pelas suas políticas.

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