Afinal, ao contrário do que muitos pensavam há um ano atrás, o Partido Republicano não desapareceu do mapa e conseguiu mesmo inverter a tendência negativa que, desde 2006, resultava em sucessivas derrotas e maus resultados para o partido de Lincoln.
Em Novembro passado, quando passou um ano da eleição de Obama, os Democratas tinham sofrido duras derrotas, na véspera, em eleições que decidiram os Governadores da Virginia e de New Jersey. Hoje, quando se comemora um ano da tomada de posse de Barack Obama como 44º presidente americano, o Partido Democrata acorda, novamente, após um pesadíssimo revés, desta vez na eleição especial no Massachusetts, onde se elegeu o sucessor de Ted Kennedy no Senado, após a sua morte. É, de facto, curioso.
Este resultado é deveras surpreendente, visto que o Massachussets é um dos estados mais liberais dos Estados Unidos e não elegia um Republicano para o Senado há 28 anos. Scott Brown, o candidato do GOP, conseguiu uma vitória épica, visto que, há menos de um mês, se encontrava, nas sondagens, a mais de 10 pontos percentuais da sua opositora. Por outro lado, a Democrata Martha Coakley realizou uma campanha medíocre e nem o apoio de pesos pesados do seu partido, incluindo o presidente Obama, lhe valeu.
Com a derrota no Estado dos Kennedy, os Democratas perdem a maioria de 60 senadores no Senado, o que põe em risco a reforma da Saúde. Seria uma grande ironia se esta legislação fosse comprometida pela perda do lugar no Senado que, durante 47 anos, pertenceu ao apoiante mais apaixonado e dedicado. Porém, e como Scott Brown tão bem referiu no seu debate com Coakley, este lugar não é de Kennedy, nem dos Democratas, mas sim do povo do Massachusetts.
São tempos difíceis para os Democratas, em ano de midterms, as eleições para o congresso exactamente a meio do mandato presidencial. Em relação ao Senado, e como só um terço deste vai a votos em Novembro próximo, os Democratas podem perder dois ou três lugares, mas a sua maioria não deverá estar em perigo. Já na Câmara dos Representantes o cenário é mais negro para o partido de Obama. Agora, e após os sinais mais recentes, culminados no resultado de ontem, os Democratas não correm apenas o risco de ver a sua super maioria ser encurtada, mas podem mesmo passar a representar a minoria.
Esta situação parecia impossível há um ano atrás, mas é preciso lembrar que também Bill Clinton, a meio do seu primeiro mandato, viu o seu partido perder o controlo do Congresso. Obama e os Democratas terão de reagir, pois estão em risco de perder a enorme vantagem que conseguiram capitalizar após a presidência Bush.
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