Com o aproximar das eleições, é natural que as disputas eleitorais se vão definindo, à medida que os eleitores vão conhecendo os candidatos e que os indecisos tomam a sua escolha de voto. Contudo, neste ciclo eleitoral, parece estar a acontecer o contrário, dado que em praticamente todas as corridas mais interessantes e disputadas para o Senado se está a assistir a um "apertar" das diferenças e a uma maior dificuldade em clarificar a situação da eleição. Neste momento, são nove as corridas com estatuto de toss up e que prometem baralhar as contas pela madrugada de dia 2 de Novembro adentro.
Washington - No início de Outubro, a senadora democrata Pat Murray parecia ter descolado definitivamente nas sondagens rumo à vitória final. Contudo, o seu opositor republicano, Dino Rossi, ganhou um novo fôlego e está já a morder os calcanhares da actual detentora do cargo, com todos os estudos de intenção de voto a colocarem a diferença entre os dois candidatos dentro da margem de erro.
Califórnia - Esta eleição está a ter contornos muito semelhantes àquela que se disputa em Washington. Barbara Boxer, a senadora democrata que luta por um novo mandato, conta agora com uma magra vantagem sobre a republicana Carly Fiorina, depois de ter surgido com uma diferença mais confortável, há pouco tempo atrás. Ainda assim, neste caso, a situação de Boxer é mais segura do que a de Murray.
Nevada - Sem dúvida, uma das mais equilibradas eleições do ano. As mais recentes sondagens têm favorecido por uma margem residual a candidata do GOP, Sharron Angle, mas o líder da maioria do Senado, Harry Reid, certamente não irá cair sem uma luta até ao último segundo.
Colorado - Esta é uma das corridas que parecia já assegurada para o Partido Republicano. Contudo, o incumbente democrata Michael Bennet conseguiu recuperar a desvantagem face ao seu adversário, Ken Buck. Bennet, apesar de ser acusado de não ter carisma nem ter jeito para campanhas políticas, tem o momentum do seu lado e tudo pode acontecer.
Wisconsin - Russ Feingold, um dos mais conhecidos senadores democratas, está a a lutar pela sobrevivência, num ciclo eleitoral muito negativo para o seu partido. Durante muitas semanas, as sondagens insistiram em mostrar que a sua situação era desesperada, aparecendo sistematicamente bastante longe do republicano Ron Johnson. Porém, o mais recente estudo de opinião colocou Feingold a apenas dois pontos percentuais, dentro da margem de erro. Num tradicional blue state e tratando-se de um conceituado senador, Feingold poderá ter ainda uma palavra a dizer.
Illinois - Provavelmente a mais equilibrada e imprevisível eleição do presente ciclo eleitoral. Nesta luta pelo lugar que já foi de Barack Obama, os eleitores parecem deparar-se com a escolha do mal menor entre dois concorrentes impopulares e com muita "bagagem": o democrata Alexi Giannoulias e o republicano Mark Kirk. A poucos dias das eleições, as sondagens indicam um teimoso empate, mas também que existe ainda um elevado número de eleitores indecisos.
Kentucky - Apesar de o republicano Rand Paul ser um candidato peculiar, com ideias algo fora do mainstream político norte-americano, desde cedo que se assumiu que, por se tratar do Kentucky, um verdadeiro red state, este era um assento no Senado assegurado na coluna republicana. Só que o democrata Jack Conway conseguiu manter-se sempre relativamente perto e agora, no momento decisivo, as sondagens mostram uma tendência de recuperação. Apesar de Rand Paul manter o estatuto de favoritismo, não é certamente à toa que o Real Clear Politics já classifica esta corrida como toss up.
West Virginia - Esta é uma das mais voláteis disputas eleitorais do país, já que tanto o democrata Joe Manchin, como o republicano John Raese alternam sucessivamente na liderança das sondagens. É, por isso, muito difícil analisar e prever o desfecho desta corrida, sendo certo que Manchin, o actual governador da West Virginia, parece enfrentar mais o fantasma da sua associação a Obama, altamente impopular neste estado, do que propriamente a oposição de Raese.
Pennsylvania - Para o fim ficou aquela que é, no momento, a mais curiosa de todas as corridas. Durante o Verão, o republicano Pat Toomey distanciou-se do seu adversário democrata, Joe Sestak, de uma maneira tal (as sondagens indicavam diferenças na casa das dezenas) que já ninguém colocava a Pennsylvania como um dos estados em jogo nestas eleições. Porém, e à imagem daquilo que fez nas primárias contra o senador Arlen Specter, o antigo almirante da Marinha americana, Joe Sestak, conseguiu uma incrível recuperação e as últimas duas sondagens colocam-no, inclusivamente, em vantagem. A confirmar-se, será, sem dúvida alguma, um dos grandes momentos deste ciclo eleitoral.
Descontando estas nove corridas, sem desfecho definido, os democratas têm, aparentemente, assegurados 48 lugares no Senado, enquanto que o GOP tem praticamente certos 43 assentos. Assim sendo, continua em dúvida o controlo sobre a câmara alta do Congresso e tudo pode acontecer. Em cenários extremos, o Partido Republicano pode mesmo ser capaz de ganhar o controlo do Senado, da mesma maneira que ainda é possível aos democratas manterem uma maioria confortável, afastando os cenários de hecatombe que lhes são vaticinados. Porém, certezas só poderemos ter daqui a duas semanas, depois de contados todos (literalmente) os votos.
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