Quando foi eleito Presidente pela primeira vez, em 2008, Barack Obama teve uma excelente votação em praticamente todos os escalões do eleitorado, fossem eles relativos ao sexo, à idade, à raça ou mesmo ao nível económico. Ainda assim, a coligação de Obama baseou-se sobretudo em grupos eleitorais chave: os negros, os hispânicos, os jovens, as mulheres solteiras e os eleitores urbanos. Dessa forma, e apesar de ter perdido entre o voto branco, Obama conseguiu o melhor resultado no voto popular das últimas décadas para um candidato democrata, alcançando 53% dos votos.
Quatro anos depois, para as eleições de 2012, era expectável que Obama não conseguisse uma vitória tão expressiva como a que tinha obtido frente a John McCain. Após o seu primeiro mandato na Casa Branca, Obama tinha perdido apoio entre alguns grupos do eleitorado, em especial os eleitores brancos de zonas rurais, onde o domínio republicano é cada vez mais notório. Assim, para vencer, Obama teria de segurar ou mesmo aumentar a sua votação entre a base da sua coligação. Contudo, isso poderia não chegar, pois era preciso ainda garantir que esses eleitores se deslocariam às urnas para depositar o seu boletim de voto a favor do candidato democrata. De facto, a campanha republicana (e muitos analistas conservadores) esperavam que a participação eleitoral dos afro-americanos, dos latinos e dos jovens não fosse tão significativa como em 2008, ou que, segundo algumas previsões ainda mais optimistas, fosse mais semelhante à da eleição de 2004.
Contudo, como hoje sabemos, estas previsões saíram furadas. Os afro-americanos mantiveram a sua afluência às urnas (constituíram 13% do eleitorado), enquanto que a participação dos jovens e dos hispânicos aumentou (19% e 10% dos eleitores, respectivamente). Além disso, Obama conseguiu um melhor resultado entre o eleitorado hispânico do que aquele que tinha obtido há quatro anos, já que 71% dos eleitores latinos votaram pela reeleição do Presidente. Importa ainda apontar que, entre os eleitores de origem asiática, uma minoria também com tendência para crescer, também foi Obama a vencer a maioria dos votos (73%). Assim sendo, no total de todos os votos depositados a favor de Obama, 45% foram provenientes de eleitores de minorias étnicas, o que é bem elucidativo da importância destes eleitores para a reeleição do 44º Presidente dos Estados Unidos. Finalmente, se juntarmos a estes números, o apoio de 55% das mulheres a Obama (e as mulheres representam 53% do eleitorado), percebe-se que muito dificilmente a vitória poderia ter escapado ao actual ocupante da casa Branca.
Por tudo isto, fica claro que a demografia teve um papel fundamental na reeleição de Obama. Com maiorias claras nos grupos eleitorais em maior crescimento nos Estados Unidos, o Presidente compensou as perdas entre os eleitores brancos. Fica também evidente o problema demográfico do Partido Republicano que, se quiser continuar a ser competitivo em eleições presidenciais, tem obrigatoriamente de alargar a sua base de apoio. Se persistirem os maus resultados do GOP entre os jovens, as mulheres e, principalmente, os hispânicos, os republicanos arriscam-se a somar derrotas em corridas pela Casa Branca.
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