O resultado eleitoral do passado dia 6 representou uma vitória para Barack Obama, que teve muito mérito na sua reeleição, mas também uma derrota de Mitt Romney que tinha tudo para sair vencedor da corrida pela Casa Branca, ou não enfrentasse um Presidente algo fragilizado por uma economia que teima em não voltar à normalidade. Apesar de ter liderado uma campanha que foi globalmente positiva e competente, a verdade é que Romney cometeu alguns erros crassos e que contribuíram para a sua derrota final.
Logo nas primárias republicanas, o antigo Governador do Massachusetts terá falhado ao deixar-se encostar demasiado à Direita, ao ver-se acossado por adversários extremamente conservadores. As posições que assumiu na altura, nomeadamente nas questões do aborto e da imigração, iriam prejudicá-lo, mais tarde, na eleição geral, em grupos eleitorais fundamentais (nestes casos, as mulheres e os hispânicos, respectivamente). Além disso, Romney, que, durante um debate, chegou a dizer que foi um Governador do Massachusetts extremamente conservador, entregou de bandeja sounding bytes à campanha democrata, que aproveitou a deixa para caracterizar o nomeado republicano como um radical de Direita.
E é nessa sequência que surge um novo erro importante de Romney. Quando terminaram as primárias republicanas, no final da Primavera, a campanha de Obama tomou uma decisão invulgar, ao realizar uma espécie de ataque preventivo, lançando uma série de anúncios negativos que visavam "pintar" Romney aos olhos do eleitorado como um insensível capitalista, que fez fortuna e carreira, na Bain Capital, a destruir empresas e empregos americanos. Nessa altura, além de não responder efectivamente aos ataques da campanha democrata, Romney ainda atirou mais achas para a fogueira, tendo-se recusado a tornar públicos mais do que dois anos de declarações de impostos e ao tecer comentários que pareciam confirmar a tese democrata de que Romney estava alheado da realidade do cidadão comum, como quando afirmou que a sua esposa conduzia "um par de Cadillacs".
Mais tarde, já perto do auge da campanha nacional, Romney terá cometido, porventura, a sua maior gaffe durante a corrida. Num evento privado de angariação de fundos, o candidato republicano foi apanhado em vídeo a afirmar que os 47% dos norte-americanos que não pagavam impostos sobre os rendimentos nunca votariam em si, porque nunca nunca os conseguiria convencer a terem responsabilidade individual e a importarem-se com as suas vidas". Como seria de esperar, as críticas a estas declarações foram bastante duras para Romney, que, em consequência, se afundou nas sondagens. Foi um rude golpe para a sua campanha, que apenas conseguiu recuperar devido a uma grande vitória do nomeado republicano no primeiro debate presidencial.
Contudo, o principal erro de Romney foi a sua incapacidade em "conectar-se" com os eleitores. Não tendo o carisma nem os dotes oratórios de Barack Obama, Romney falhou em mostrar o seu lado emotivo, parecendo sempre muito mecânico e distante do cidadão comum. No fundo, concorreu mais como um tecnocrata do que como um estadista e isso foi-lhe fatal já que os norte-americanos, apesar de não estarem contentes com o primeiro mandato de Obama, preferiram dar uma nova oportunidade ao candidato que, há quatro anos, os fez sonhar com ideais de mudança e esperança.
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