As eleições intercalares já foram há duas semanas, mas existem algumas corridas onde o vencedor ainda não foi encontrado. Nesta situação estão sete eleições para a Câmara dos Representantes, a corrida para Governador do Minnesota (parece que estas demoras são já uma tradição do estado, visto que já em 2008, numa eleição para o Senado, apenas várias semanas depois foi declarado o vencedor) e aquela que tem merecido maior destaque: a luta por um assento no Senado norte-americano em representação do Alasca.
E é mesmo no estado mais remoto dos Estados Unidos que se desenrola a situação mais curiosa e interessante. A história começou em 2002, quando Lisa Murkowski foi nomeada para o Senado pelo seu pai, Frank Murkowski, que, tendo sido eleito Governador do Alasca, teve de abandonar o seu lugar na câmara alta do Congresso e apontar o seu sucessor. Naturalmente, não faltaram acusações de despotismo a marcar o início da carreira política nacional de Lisa Murkowski. Contudo, dois anos depois, Lisa conseguiu vencer uma dura batalha pela reeleição, ao bater o ex-governador democrata Tomy Knowles por uma curta margem.
Mas, este ano, a história foi outra e Murkowski enfrentou um duro desafio nas primárias, perdendo a nomeação republicana para Joe Miller, um candidato apoiado por Sarah Palin e pelos movimentos Tea Party. Contudo, Lisa não se deu por batida e, mesmo assim, concorreu à eleição geral como candidata write in. Este método permite aos eleitores escreverem no boletim de voto o nome de um candidato, apesar do seu nome não surgir no ballot. Como é lógico, este sistema faz com que a contagem dos votos seja demorada e complexa, até porque os candidatos "oficiais" podem contestar a validade do voto, quando, por exemplo, o nome do candidato write in não foi escrito correctamente pelo eleitor.
Na noite das eleições, apenas foram disponibilizados resultados relativos aos candidatos cujo nomes constavam nos boletins de voto e o total de votos write in. Na altura, Joe Miller surgia com 35% dos votos, enquanto todos os write in contabilizavam 40%. Porém, à medida que se ia realizando o escrutínio, o candidato republicano vinha a conseguir manter uma ligeira vantagem sobre Murkowski. Até ontem, dia em que, pela primeira vez, a actual senadora passou para a frente da contagem, ainda que por apenas cerca de dois mil votos. Essa vantagem, apesar de reduzida, deverá ser suficiente para que Murkowski vença esta eleição, dado que grande parte dos boletins ainda por contar são votos write in.
Todavia, é preciso relembrar que o desfecho desta corrida é irrelevante para o novo figurino do Senado, já que qualquer um dos candidatos fará parte da bancada republicana. Ainda assim, esta situação não deixa de ser merecedora de todo o interesse, pois, além de se tratar de um processo algo caricato, retrata também mais um episódio da guerra civil que se instalou no seio do GOP, entre o establshiment republicano e a facção mais próxima dos Tea Party.
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