Um dos principais talking points da recente noite eleitoral nos Estados Unidos foi a ideia que, apesar da forte derrota na Câmara dos Representantes, os democratas tinham conseguido salvar a face ao saírem-se bem nas eleições para o Senado, com vitórias algo surpreendentes no Colorado e no Nevada. Contudo, ao contrário da câmara baixa do Congresso, apenas pouco mais de um terço do Senado foi a votos e, mesmo assim, o GOP foi capaz de "roubar" seis lugares ao Partido Democrata. Não tenho a menor dúvida que os republicanos tomariam o controlo do Senado se a totalidade da câmara alta estivesse em jogo.
E se 2010 foi um ano terrível para os democratas, a verdade é que 2012 pode ser ainda pior, em especial no que diz respeito às contas do Senado. Isto porque os democratas terão de defender 23 dos 33 (incluindo os dois democratas que ocupam a bancada democrata) assentos que estarão em jogo no próximo ciclo eleitoral, muito menos do que os dez lugares actualmente ocupados por republicanos. Além disso, é esperado que muito dos senadores democratas que, em 2012, disputarão a reeleição, tenham uma tarefa bastante complicada, já que representam battleground states ou mesmo estados que tradicionalmente favorecem os republicanos. Já a maioria dos senadores do GOP cujo lugar estará em jogo foram eleitos por estados tendencialmente conservadores. As excepções serão Olympia Snowe, no Maine e Scott Brown, no Massachusetts.
Assim, não admira que a liderança democrata esteja com grandes dificuldades em arranjar quem assuma o cargo de chairman do Democratic Senatorial Campaign Committee, o órgão no interior do Partido Democrata com a responsabilidade de programar, organizar e gerir as próximas eleições para o Senado, em 2012. Ao que consta, Harry Reid convidou Michael Bennet para o lugar, mas o actual senador pelo Colorado, que foi um dos poucos vencedores democratas das últimas eleições, ainda não deu uma resposta definitiva.
Porém, a favor dos democratas estará o facto de, em 2012, também estar em jogo a presidência do país, o que leva, por norma, a uma maior mobilização e afluência às urnas de grupos do eleitorado tradicionalmente afectos aos democratas, como os jovens e os afro-americanos. Mesmo assim, e a não ser que o actual panorama político nos Estados Unidos mude imenso (o que pode muito bem acontecer), não será surpresa nenhuma se, daqui a dois anos, os republicanos juntarem à maioria na Câmara dos Representantes (que dificilmente mudará de mãos) a maioria no Senado.
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