quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Manipulando as eleições de 2012

Como se sabe, as eleições presidenciais nos Estados Unidos têm um sistema algo complicado para os menos acostumados com estas andanças, mas, ainda assim, bastante interessante. Em vez do modo tradicional de ganhar eleições, onde o vencedor é o candidato com mais votos expressos nas urnas, os norte-americanos adoptaram um modelo de colégio eleitoral. A cada Estado é atribuído um número de votos eleitorais (correspondente ao número de senadores e representantes desse Estado no Congresso) e o candidato vencedor no Estado recebe esse total de votos eleitorais. O vencedor final é aquele que, no final das contas, tiver atingido a maioria do total dos votos eleitorais a nível nacional - o número mágico é 270. Assim, a disputa pela presidência dos Estados Unido, em vez de uma grande corrida a nível nacional, consiste em várias pequenas batalhas pelos chamados swing states.
Todavia, na Pennsylvania, parece estar em curso uma tentativa de mudar as regras do jogo, adaptando aquilo que já se faz nos Estados do Maine e do Nebraska (mas aqui sem influência no desfecho das eleições). Os republicanos, que controlam os órgãos legislativos e executivos locais, tencionam mudar as regras de atribuição dos votos eleitorais do Estado, mudando do sistema de winner takes all para um em que o vencedor em cada distrito congressional receba um voto eleitoral, passando a ser apenas dois os votos eleitorais atribuídos directamente ao candidato mais votado a nível estadual.  Neste caso, mesmo que Barack Obama seja o candidato com mais votos no Estado, é bem provável que só conseguisse cerca de 8 dos 20 votos eleitorais da Pennsylvania, visto que o desenho dos distritos, da autoria da maioria republicana, é-lhe altamente prejudicial.
Ora, se os republicanos conseguirem avançar com este projecto, isso pode ter graves implicações numa eleição renhida, como se prevê que seja a do próximo ano. Para o evitar, os democratas pouco mais podem fazer do que influenciar a opinião pública e denunciar esta estratégia republicana como aquilo que é: batota. A Constituição entrega aos Estados a responsabilidade de escolherem a forma de atribuição dos seus votos eleitorais, mas esta atitude dos republicanos não é mais do que uma forma de manipular as regras do jogo para proveito próprio. Nas próximas semanas estarei atento ao desenrolar desta história, mas, a meu ver, espero que a táctica em questão não siga em frente. A bem da justiça e da emoção das eleições presidenciais de 2012.

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