terça-feira, 9 de agosto de 2011

Não está fácil, Obama

Quando, a 20 de Janeiro de 2009, Barack Obama tomou posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos, o futuro parecia risonho para os norte-americanos. Tinham acabado de eleger um Chefe de Estado que lhes prometia mudança e, acima de tudo, esperança num futuro melhor. Contudo, dois anos e meio depois, o país viu, pela primeira vez, o seu rating cortado por uma agência de cotação financeira, o desemprego continua em valores assustadoramente elevados e fala-se na possibilidade de uma nova recessão. Assim, e tendo em conta que dificilmente a situação económica e financeira dos Estados Unidos melhorará consideravelmente até às eleições presidenciais de 2012, já não se pode dizer que Obama tem a reeleição garantida. 
Claro que Obama ainda poderá receber uma dádiva do GOP, caso o nomeado por este partido seja alguém tão conservador que aliene de forma comprometedora o eleitorado moderado e independente, casos de Michelle Bachmann ou Sarah Palin. Todavia esse cenário é pouco provável e, pelo menos para já, o favorito a obter a nomeação republicana é Mitt Romney. Ora, o antigo Governador do Massachusetts é um político com boas credenciais económicas, o que, num ciclo eleitoral em que a economia será, sem sombra de dúvidas, a principal preocupação nas mentes dos norte-americanos no momento de votar, faz dele uma potencial ameaça para Barack Obama. Não admira, portanto, que surjam já relatos da estratégia a utilizar pela campanha democrata para derrotar Romney. Outro adversário que poderá preocupar as hostes presidenciais é Rick Perry, actual Governador do Texas e que deverá anunciar a sua candidatura no próximo Sábado.
Contudo, não se pode menosprezar Barack Obama, que já provou ser uma grande mais valia no trilho da campanha. Além disso, é preciso não esquecer que, apesar de a taxa aprovação do seu trabalho por parte dos americanos não ser fantástica, os seus índices de favorabilidade continuam em terreno confortavelmente positivo, o que parece indicar que os cidadãos dos EUA gostam do seu Presidente a nível pessoal. E isso pode ser uma importante vantagem, que a sua campanha não deixará certamente de utilizar, realçando o contraste entre e o likable Obama e o flip-flopper Romney ou o cinzento Perry.
Seja como for, dificilmente a campanha de Obama em 2012 terá muitas semelhanças com a de 2008. Desta vez, o antigo Senador do Illinois não terá a carta Bush para jogar, pelo menos de forma tão eficaz, e terá de tentar ser reeleito pelos seus próprios méritos. Acontece, porém, que algumas das grandes concretizações da sua Presidência - com a reforma da saúde à cabeça - não são muito populares entre os americanos, o que dificultará a tarefa de Obama quando quiser "vender" o seu legado ao eleitorado. Assim sendo, não será surpresa nenhuma que a estratégia democrata seja a de enveredar pela campanha negativa, atacando sem reservas o seu opositor, à imagem do que George W. Bush (outro Presidente em luta pela reeleição com números medianos nas sondagens) fez em 2004 contra John Kerry. Dessa vez, a estratégia delineada por Karl Rove resultou em sucesso. Será que Obama é capaz de imitar Bush (com toda a ironia que isso acarreta) e, dessa forma, alcançar um segundo mandato?

2 comentários:

  1. Pois é, João, «ainda bem» que Barack Obama «não é» um flip-flopper. Que ideia! Vejamos: enquanto senador era contra o aumento do tecto da dívida, como presidente é a favor; enquanto candidato prometeu que só recorreria a fundos públicos para a campanha, e depois prescindiu daqueles e só utilizou privados; anunciou que iria encerrar Guantanamo… que continua aberta. E acho que há mais exemplos…

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  2. Octávio, obviamente que Obama já mudou de ideias relativamente a algumas questões. Alías, duvido que haja algum político que nunca o tenha feita, seja por convicção ou por estratégia. Todavia, a verdade é que existe uma percepção quase generalizada relativamente à pouca consistência da plataforma política de Romney. E claro que isso tem muito a ver com o seu tempo de Governador do Massachusetts, onde mostrou ser, quanto muito, um moderado, para agora concorrer à Presidência como um verdadeiro conservador.

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