sábado, 21 de agosto de 2010

Cartoon: A "mesquita" da polémica

Mais um cartoon bem esgalhado da autoria de M. Werner, do Politico, retratando a polémica que se gerou à volta de um centro islâmico nas proximidades do local onde se situava o World Trade Center e que, entre outras valências, irá contar com uma mesquita. Só que, como o desenho aponta, o edifício ficará situado a dois quarteirões do Ground Zero, rodeado de vários estabelecimentos comerciais e, ao que parece, muito próximo de uma casa de strip.
A verdade é que este assunto, que já fez correr muita tinta, continua na ordem do dia e promete estar para ficar, tendo adquirido o estatuto de tema internacional, após as declarações do presidente americano, Barack Obama que, à custa desta matéria, conseguiu arranjar um novo problema. Depois de, como referi anteriormente, ter defendido a construção deste centro islâmico, voltou atrás no dia seguinte, dizendo que apenas tinha dado uma posição do ponto de vista legal. Contudo, depois do seu flip-flop ter sido criticado, a Casa Branca sentiu a necessidade de clarificar que o presidente não se tinha afastado da sua primeira declaração.
Obama quis vir a público fazendo uma declaração de princípios, o que é aceitável. O que já não é tão aceitável é que faça constantes zigue-zagues políticos e ideológicos, consoante a opinião pública e as sondagens. Esta trapalhada volta a pôr a nu os problemas que a actual administração tem sentido ao nível da comunicação. Este é um dado ainda mais estranho quando nos recordamos da fantástica campanha presidencial montada por Obama e pelos seus mais próximos conselheiros, que conseguiu pôr a América e o mundo a sonhar com a promessa de mudança nas políticas de Washington. Promessa essa que continua por cumprir.

3 comentários:

  1. Em primeiro lugar discordo da mensagem do cartoon, que e falaciosa: ninguem diz que agora na zona do ground zero so podem existir actividades "puritanas" ou com conteudo moral aceitavel. Nao vejo a hipocrisia em contestar a construcao de um centro islamico num local onde morreram 3000 americanos vitimas de extremistas islamicos, no maior ataque em solo americano desde Pearl Harbour.

    Demais, os criticos da construcao do efificio neste local nunca invocam a legalidade da construcao ou querem retirar o direito que os proponentes do centro tem de construir (direito esse que nao existe na maioria dos paises islamicos...).

    http://www.mediaite.com/tv/greg-gutfield-to-open-a-gay-bar-next-to-ground-zero-mosque-to-cater-to-islamic-gay-men/

    Por fim, parece-me que e de ma fe dizer que so por ser a 2 quarteiroes ja nao pode ser considerada como se situando no Ground Zero. Basta ver as fotografias aeras na altura dos ataques para perceber que a destruicao afectou uma area bem mais extensa do que o WTC propriamente dito. Alias, nesta propriedade caiu um motor de um dos avioes que embateu nas torres...

    Joao Fernandes

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  2. Acrescento que a oposicao a construcao merece o apoio da esmagadora maioria da populacao americanos e de lideres politicos da direita a esuqerdas, inclusive o democrata Governador de NY ou Howard Dean.

    O link que deixei acima e a proposta do Greg Gutfeld do programa Red Eye, da Fox News - mostrando como o capitalismo pode e deve ser usado para marcar uma posicao etica e moral, ja que ambos sao indissociaveis!

    Joao Fernandes

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  3. João,

    de facto, temos opiniões divergentes. Eu acho que os americanos tinham aqui uma excelente oportunidade de mostrarem ao mundo e à "maioria silenciosa" islâmica que são uma nação tolerante e plural. Contudo, parece que o facto de se construir um centro islâmico perto do Ground Zero é uma ofensa às vítimas do 11 de Setembro. E acho que o facto do local ficar a 2 quarteirões do World Trade Center é relevante. Sim, esse espaço foi afectado pelos atentados, mas que zona da baixa de Manhattan não o foi?
    Mas o que me preocupa mais é que esta polémica está a a evidenciar um claro preconceito nos EUA contra os islâmicos. Esse preconceito é alimentado por figuras como a Palin ou o Gingrich, que se aproveitam desta situação para fazerem demagogia e obterem ganhos políticos. Estes senhores tinham muito a aprender com o W., que logo a seguir ao 11/9 tudo fez para que a comunidade de americanos islâmicos não sofresse na pele pelos actos de alguns malucos do Médio Oriente.
    Ainda sobre esta questão, aconselho vivamente o artigo da TIME desta semana: http://www.time.com/time/nation/article/0,8599,2011798,00.html

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