A Convenção Nacional Republicana, em Tampa, na Florida, continua a destacar-se como um momento galvanizador para o movimento conservador nos Estados Unidos. Depois de um primeiro dia animado, marcado por Ann Romney e por Chris Christie, o segundo dia foi ainda mais intenso, em especial os últimos dois discursos da noite, os de Condoleeza Rice, Secretária de Estado durante o segundo mandato de George W. Bush, e o candidato vice-presidencial republicano, o congressista Paul Ryan.
Condoleeza teve ontem aquele que foi talvez o seu primeiro grande momento de política partidária desde que assumiu funções na Administração Bush. Com um discurso brilhantemente escrito, além de muito bem delivered (falta-me melhor expressão em português), sem recurso a teleponto, Rice mostrou que pode ter um grande futuro político à sua frente, quem sabe já em 2016, com uma eventual candidatura à Casa Branca, caso Barack Obama obtenha um segundo mandato. Apesar de ter enviado algumas farpas à liderança de Obama, a ex-Secretária de Estado transmitiu principalmente uma postura responsável, séria e presidencial que devem ter conquistado mesmo os conservadores mais cépticos. Com experiência e conhecimentos suficientes, aliados ao facto de ser uma mulher afro-americana, o que poderia abrir novos eleitores ao GOP, Condoleeza Rice poderia ser, de facto, uma excepcional candidata republicana.
Em seguida, Paul Ryan subiu ao pódio para aceitar formalmente a sua nomeação como candidato vice-presidencial republicano. Quase desde a primeira frase, o congressista do Wisconsin agarrou por completo a sua audiência, que se deixou levar pela intensidade do discurso do candidato à Vice-presidência. Ryan, como se esperava, não poupou Barack Obama e teceu duras e contínuas críticas ao Presidente dos Estados Unidos. Mostrando ser um adepto da máxima "a melhor defesa é o ataque", Paul Ryan utilizou mesmo a questão do Medicare (programa cuja reforma por si proposta é considerada uma das potenciais fraquezas da candidatura republicana) para atacar Obama, dizendo que o Obamacare (reforma da saúde patrocinada pelo Presidente) é a maior ameaça aos cuidados de saúde dos idosos.
No final do discurso, Ryan tinha a sala da Convenção totalmente a seus pés e tinha, pelo menos, dado um novo herói ao movimento conservador americano e trazido uma paixão à campanha republicana que, até agora, Mitt Romney ainda não foi capaz de proporcionar. No rescaldo do discurso, surgiram em muitos órgãos de comunicação social informações que apontavam para incorrecções e distorções de factos utilizados por Ryan para atacar Obama. Contudo, é muito duvidoso que essas acusações, ainda que verdadeiras, tenham qualquer impacto na popularidade de Paul Ryan, já que a maioria dos eleitores não segue os fact-checkers ou os programas de comentário político da televisão por cabo.
Assim sendo, este foi mais um dia bastante positivo para o Partido Republicano. Agora, falta apenas o dia final da Convenção, cujo ponto alto será o discurso de Mitt Romney, que aceitará ocialmente a nomeação presidencial do GOP. A fasquia está colocada bastante alta para o candidato republicano à Casa Branca, já que, após os excelentes discursos dos últimos dias, Romney não quererá, certamente, ser ofuscado por figuras menores neste seu momento decisivo rumo à Presidência.
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