quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O que os números nos dizem


Abri este ciclo de 2024 no Máquina Política a apresentar os battleground states decisivos para a escolha do próximo presidente dos Estados Unidos. Nesse post, salientei que a corrida está empatada e totalmente em aberto, mesmo que hoje tenha saído uma sondagem Reuters/Ipsos nacional que apresenta uma vantagem de sete pontos percentuais para Kamala Harris (47%-40%). Todavia, e tendo em conta todos os estudos de opinião conhecidos, é provável que esta sondagem seja um outlier, ainda que não se possa descurar que este resultado seja a primeira manifestação de uma tendência que venha a ser confirmada mais tarde.

A menos de um mês do dia das eleições, é previsível que não haja grandes alterações no estado da corrida, salvo uma surpresa de Outubro ou se Donald Trump aceitar um novo debate televisivo. Assim, podemos antever que aquilo que as sondagens no dizem hoje é muito representativo dos resultados eleitorais definitivos. Isto, claro, se considerarmos que as sondagens não falharão, como aconteceu em 2016 e em 2020.

Em média, as sondagens têm um desvio de cerca de 4% relativamente ao resultado final. Por isso, e como o consenso dos estudos de opinião é que a corrida se encontra empatada, podemos ainda ter um resultado relativamente desnivelado para qualquer um dos lados, sendo que, a verificar-se tal desvio, será mais provável que aconteça a favor de Trump, cujos resultados foram subvalorizados nas duas anteriores eleições. Porém, com dois ciclos eleitorais para analisarem, e com o fenómeno Trump hoje bem mais consolidado, é natural que as empresas de sondagens tenham conseguido adaptar os seus modelos de forma a preverem com mais exactidão os resultados do nomeado do GOP.

Por outro lado, importa perceber que, por causa do sistema de Colégio Eleitoral, os números nacionais pouco importam para termos uma noção de quem lidera a disputa pela Casa Branca. Como aconteceu em 2016 e 2020, os republicanos contam com uma importante vantagem nos votos eleitorais, porque os democratas "desperdiçam" muitos votos em estados muito populosos (a Califórnia é o melhor exemplo) e porque os republicanos vencem em muitos dos estados mais pequenos, cujo peso no Colégio Eleitoral é desproporcionalmente elevado. Desta forma, calcula-se que Kamala Harris terá de vencer pelo menos por 3% no total dos votos para estar confortável na contagem dos votos eleitorais.

Assim, o mais relevante será seguir os números nos sete estados decisivos, mas como todas as sondagens têm colocado a corrida em todos eles como estando dentro da margem de erro, também não conseguimos, neste momento, retirar grandes ilações a não ser aquela que já fiz: a eleição está empatada e é impossível antecipar um vencedor. Seja como for, deixo em baixo um apanhado das previsões dos vários analistas e modelos de agregação de sondagens, ficando bem demonstrado a total imprevisibilidade da corrida pela presidência norte-americana. 

Nate Silver Bulletin - Harris 55% - Trump 45% (hipóteses de vitória)

FiveThirtyEight - Harris - 53% - Trump 46% (hipóteses de vitória)

Cook Political Report - Harris 226 - Trump 219 (votos eleitorais)

Larry Sabato's Christal Ball - Harris 226 - Trump 219  (votos eleitorais)

Real Clear Politics - Harris 215 - Trump 219 (votos eleitorais)

The Economist - Harris 273 - Trump 265 (votos eleitorais, sem toss ups)

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