O Senado americano aprovou, ontem, a reforma financeira que se transforma, assim, na segunda grande vitória legislativa da administração de Barack Obama, após da reforma do sistema de saúde. Depois do diploma ter passado nas duas câmaras do Congresso, espera-se que o presidente americano promulgue, muito em breve, o documento, transformando a proposta em Lei e cumprindo mais uma das suas principais promessas eleitorais.
Ainda assim, a passagem com sucesso desta reforma pelo Senado foi mais complicada do que era previsível há alguns meses atrás, quando se iniciou a sua discussão no Capitólio. Apesar do apoio popular que as sondagens atribuem a uma reforma do sistema financeiro dos Estados Unidos, os republicanos uniram-se para tentar impedir a sua aprovação e mesmo entre as fileiras democratas houve algumas dissidências. De facto, o senador democrata Russ Feingold votou contra a reforma, afirmando que esta não seria suficiente para impedir uma nova crise económica. Este voto negativo, combinado com o lugar deixado vago pela morte do senador Robert Byrd, obrigou a liderança democrata a encontrar três votos "sim" do lado republicano. Após negociações e algumas cedências, as duas senadoras republicanos do Maine, Olympia Snowe e Susan Collins, e o senador Scott Brown do Massachusetts concordaram em permitir a passagem da reforma.
Na verdade, Scott Brown desempenhou um papel fundamental para a aprovação da reforma financeira, fazendo a ponte entre os democratas e os republicanos mais moderados que podiam, eventualmente, quebrar as fileiras partidárias e votar no lado democrata. Não deixa de ser irónico que Brown, cuja eleição representou a maior derrota e humilhação pública da actual administração, tenha sido um dos veículos principais grande vitória da Casa Branca de Obama.
À imagem do que aconteceu após a aprovação da reforma da saúde, os republicanos já vieram a público clamar pela revogação desta reforma, cujo objectivo, segundo os seus proponentes e defensores, será o de regular o sector financeiro, de modo a proteger os cidadãos americanos e evitar novas crises financeiras. Se esta diploma será capaz de o fazer, é algo que só o futuro dirá. Mas uma coisa é certa: com mais esta histórica vitória, Obama não pode ser acusado de nada ter alcançado e realizado durante a sua presidência, que, recorde-se, ainda nem a meio vai.
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