No que diz respeito às eleições intercalares que irão ter lugar no próximo dia 2 de Novembro, tenho dado especial destaque às corridas em que se disputam lugares no Senado americano, mas tenho-me abstido de fazer grandes referências à disputa pela Câmara dos Representantes. Isto porque, ao contrário do Senado, onde apenas estão em jogo um terço dos lugares, a câmara baixa do Congresso irá a votos, na sua totalidade perfazendo 435 diferentes eleições. Assim, torna-se impossível seguir um tão elevado número de situações e, além disso, o cargo de Senador tem uma importância e um destaque que o de Representante não tem, levando os media e os analistas a focarem a sua atenção nas corridas ao Senado.
Mas enquanto que no Senado dificilmente os republicanos conseguirão destronar os democratas da maioria, já na House a situação é-lhes mais favorável. Apesar da larga vantagem com que os democratas contam, não é de todo impossível que o GOP consiga vencer os cerca de 40 lugares que chegariam para passarem a controlar a Câmara dos Representantes. Se tal vier a suceder, repetir-se-ia o cenário das eleições de 1994, quando os republicanos, a meio do primeiro mandato de Bill Clinton, conseguiram uma estrondosa vitória, "virando" 54 assentos.
Como não é possível haver sondagens para cada eleição, o método utilizado para se seguir a disputa pela House é a intenção de voto a nível nacional. E, segundo a média do Pollster, os republicanos levam vantagem, se bem que uma recente sondagem da conceituada Gallup tenha atribuído vantagem ao Partido Democrata. Contudo, é preciso ter em conta que os números nacionais não passam de um indicador, e as ilações que deles podem ser retiradas são muito limitadas. Além disso, como a distribuição dos círculos eleitorais é prejudicial aos democratas, é usual considerar-se que o empate real entre os dois partidos corresponde a uma vantagem de dois pontos percentuais dos democratas. Desta forma, só quando o Partido Democrata surge com vantagem superior a 2% nas sondagens nacionais é que terá ganhos reais em número de representantes eleitos.
Para já, o cenário para Novembro está totalmente em aberto. É quase certo que os republicanos irão conseguir recuperar assentos no Congresso, mas se vão conseguir destronar Nancy Pelosi como speaker é algo que permanece uma incógnita. Se o conseguirem, isso significará que teve lugar um verdadeiro vendaval do GOP, e traduzir-se-á numa grande vitória republicana. Por outro lado, os democratas, mesmo vendo a sua maioria reduzir-se, poderão cantar vitória se, depois das eleições, continuarem a controlar o Congresso.
Assim, a luta pelo Congresso define-se não só pelas disputas eleitorais, mas também pelo jogo de expectativas. Com o clima político a prometer ser bem mais favorável aos republicanos, não é de admirar que o lado democrata tenha começado a subir as expectativas para os resultados do GOP, enquanto desce as suas. Desta forma, será mais fácil declararem-se vitoriosos depois de contados os votos dos americanos, ao mesmo tempo que eleva o nível de exigência para uma vitória republicana.
Seja como for, esta é uma luta que se prevê animada e disputada até 2 de Novembro, passando muito por aqui a declaração de vitória nessa longa noite de importantes decisões.
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