Barack Obama venceu há poucos meses aquela que terá sido a última eleição da sua vida, mas estará já com os olhos postos no próximo ciclo eleitoral, ainda que o seu nome não vá constar dos boletins de voto. Em 2014, haverá eleições intercalares e o Presidente dos Estados Unidos parece determinado a recuperar o controlo da Câmara dos Representantes para o seu partido.
A tarefa não se avizinha nada fácil, já que o Partido Democrata terá de conquistar 17 assentos na câmara baixa do Congresso ao GOP. Apesar de ser possível, e até provável, que os democratas sejam o partido mais votado nas eleições para a House, a verdade é que a actual distribuição dos círculos uninominais favorece claramente os republicanos que, após as suas vitórias retumbantes nas midterms de 2010, redesenharam os distritos de forma a terem vantagem nas eleições para a Câmara dos Representantes.
Assim sendo, os democratas terão de obter um excelente resultado para serem capazes de se tornaram novamente maioritários. E é nesse sentido que Obama tem trabalhado, envolvendo-se mais directamente do que nunca no planeamento da estratégia da campanha do próximo ano e, principalmente, concentrando-se em angariar rios de dinheiro para os candidatos democratas serem o mais competitivos possível. Todavia, o contributo do 44º Presidente será principalmente ao nível organizacional e financeiro e menos focado no apoio pessoal aos candidatos no terreno (como, por exemplo, com presenças em eventos de campanha). Isto porque, neste momento, os democratas controlam a grande maioria dos distritos onde o seu candidato presidencial venceu em 2012, pelo que terão de apostar em terrenos onde Obama é relativamente impopular.
Esta nova atitude do Presidente em relação às eleições para o Congresso (noutros ciclos eleitorais mostrou-se bem menos interessado em ajudar o seu partido) prende-se sobretudo com a preocupação em garantir um legado duradouro e efectivo para a sua presidência. Frustrado com a ausência de entendimentos com a oposição republicana no Congresso, Obama já percebeu que a melhor forma fazer passar legislação de relevo neste seu segundo mandato é contar com uma maioria democrata no Capitólio.
Deste modo, Obama aposta na recuperação da Câmara dos Representantes - que terá de ser conjugada com a manutenção da maioria democrata no Senado, o que não é um dado adquirido - para garantir que a sua agenda legislativa será cumprida e que o legado da sua presidência deixará uma profunda marca na história norte-americana. Com esta nova estratégia, Barack Obama parece estar a dizer: "se não te podes juntar a eles (ou eles a ti), derrota-os".
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