Barack Obama deu início à primeira grande iniciativa deste seu segundo mandato na Casa Branca e, como se esperava, o tema escolhido foi a reforma da imigração norte-americano. Num discurso no Nevada, um dos Estados do país com maior número de hispânicos, o Presidente pressionou o Congresso a agir e deu a conhecer a sua pretensão de assinar brevemente uma lei que permita que cerca de onze milhões de imigrantes ilegais tenham a possibilidade de conseguir a cidadania norte-americana.
Esta era uma acção aguardada, já que a reforma da imigração foi uma das grandes promessas da sua campanha para a reeleição (já o havia sido em 2008, mas, dessa vez, o capital político de Obama foi consumido com a reforma do sistema de saúde) e o eleitorado hispânico constituiu-se como um dos principais pilares da coligação que reelegeu Obama no ano passado. Para fazer avançar esta reforma, a Casa Branca conta com o apoio bipartidário de um grupo de senadores. Entre os republicanos, as maiores esperanças de Obama recaem em John McCain, outrora um defensor da reforma da imigração, e Marco Rubio, ele próprio descendente de imigrantes.
Depois do falhanço do DREAM Act, esta nova tentativa de fazer passar legislação que permita e legalização de imigrantes ilegalmente nos Estados Unidos tem boas hipóteses de ser aprovada pelo Congresso. Com amplo apoio dos democratas, também os republicanos terão grande dificuldade em opor-se a esta proposta, cientes de que o seu partido não pode continuar a alcançar tão fracos resultados junto dos eleitores hispânicos, que são, afinal, o grupo eleitoral em maior crescimento demográfico no país. Assim, e mesmo que os republicanos mais conservadores continuem a ser opositores da suavização da política norte-americana em relação à imigração, é expectável que os membros mais moderados permitam a passagem desta legislação.
Tudo indica, por isso, que os democratas alcançarão com esta reforma uma importante vitória. Barack Obama, em especial, junta o seu nome a mais uma peça legislativa de referência, solidificando o seu legado na Casa Branca. Contudo, nem tudo é perfeito para o Partido Democrata, já que, com a aprovação da reforma da imigração, perdem um dos seus principais argumentos para atraírem os eleitores latinos, que, sendo, por norma, socialmente conservadores e pro-business podem ser mais facilmente cativados pelo GOP. Neste caso, porém, o mérito da legislação deverá sobrepor-se ao interesse político envolvido.
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