Assentado o pó que se levantou depois de, na passada Quarta-feira, Barack Obama ter anunciado o seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, importa agora analisar possíveis consequências desse seu acto.
Do lado democrata, o anúncio do Presidente animou, como seria de esperar, a base do partido. Normalmente, os homossexuais (particulares, lobbies ou grupos) são já um grupo eleitoral afecto aos democratas, mas é de esperar que a posição de Obama - o primeiro sitting Presidente a defender publicamente o casamento gay - estimule, e de que maneira, o apoio e as contribuições financeiras deste sector do eleitorado. Além disso, a nova posição de Obama em relação a este assunto serve também para refutar algumas críticas que vinham surgindo da ala mais liberal do Partido Democrata, e que acusavam o Presidente de não ser demasiado ambicioso e progressista. Do seu lado, Obama apenas poderá temer alguns problemas com os afro-americanos, já que esta comunidade, muito religiosa, é maioritariamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, dado os níveis de popularidade de que Obama goza junto dos afro-americanos, é muito duvidoso que este assunto lhe retire parte do voto negro, nas eleições do Outono.
Entre as fileiras republicanas, a reacção ao anúncio presidencial tem sido bem menos audível do que seria de esperar. Na verdade, os principais líderes republicanos têm preferido não comentar muito o assunto, cientes de que necessitam de voltar à mensagem em torno dos problemas da economia. E são sensatos ao fazê-lo, dado que - dizem as sondagens - o único tema em que Romney leva vantagem sobre Obama aos olhos dos eleitores é precisamente a economia. Por isso, sempre que os democratas forem capazes de desviar as atenções do público da situação económica do país os republicanos sairão a perder. E, como nos últimos dias os destaques noticiosos têm ido para o apoio do Presidente ao casamento gay, temos de considerar que isso favorece mais os democratas do que o GOP.
No que diz respeito às consequências eleitorais, é possível que Obama perca uns quantos votos junto dos eleitores independentes e em Estados importantes, mas essa perdas poderão ser anuladas por um aumento do número de eleitores jovens, que se sentirão mais propensos a votar num candidato que partilha das suas convicções sociais e pelas grandes contribuições financeiras que deverão chegar por parte de associações ou lobbies de defesa dos homossexuais. No fim de contas, duvido que o anúncio presidencial da última
Quarta-feira tenha um grande impacto na eleição que se aproxima a passos
largos. Afinal de contas, it's still about the economy, stupid!
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