O universo do desporto está intrinsecamente ligado à política, como defende o Prof. Dr. António da Silva Costa (professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Desporto da Universidade de Porto), que afirma que "comparando estes dois fenómenos, o desportivo e o político, não é difícil constatar que eles são profundamente semelhantes. O seu funcionamento é idêntico, a sua lógica é fundamentalmente a mesma e o seu discurso rege-se pela mesma gramática".
Ora, no caso específico das eleições americanas, essa ligação é por demais evidente, como se pode comprovar por algumas das expressões mais frequentemente encontradas na gíria das campanhas políticas dos Estados Unidos.
Senão vejamos: a palavra mais utilizada para fazer referência a uma eleição é a palavra race (corrida). Ainda no campo das referências a corridas (como se estivéssemos a falar de um evento do atletismo e não da política), existem expressões muito conhecidas, como frontrunner, quando nos referimos ao candidato favorito à vitória, ou to have the inside track, quando queremos dizer que um candidato parece levar vantagem sobre outro.
Momentum, uma palavra várias vezes repetida para transmitir a dinâmica de vitória de um dos lados, e que foi "pescada" na gíria desportiva, é um dos maiores exemplos desta promiscuidade entre o vocabulário do desporto e da política. Mas existem outros. quando um político não é tão agressivo ou incisivo num debate como se esperava, diz-se que he did not pull his punches, numa clara alusão ao box; numa ocasião em que um candidato aposta todas as suas hipóteses num determinado Estado, local ou grupo do eleitorado, diz-se que ele está all in, como no poker. As expressões home-run, do basebol, slam dunk, do basquetebol, ou kick-off, do futebol, são também presença assídua no vocabulário da política norte-americana.
Estes são alguns exemplos, mas muitos outros poderiam ser utilizados para demonstrar a grande afinidade a nível de vocabulário entre a política e o desporto. No fundo, esta semelhança ao nível do discurso reflecte, pelo menos em parte, a necessidade sentida pela comunicação social e pelos próprios políticos de tornarem a política um fenómeno mais atraente e familiar para as grandes massas. Afinal, a política também pode ser divertida.
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