Na passada Segunda-feira, entrou oficialmente em funções o 112º Congresso dos Estados Unidos, entrando em vigor as alterações no elenco ditadas pelas eleições intercalares de Novembro de 2010. Contudo, a primeira sessão desta legislatura, que tem sido aguardada com bastante interesse, está marcada para o dia de hoje.
Depois da vitória republicana nas midterms, assistimos a uma situação de split Congress, com os democratas a manterem o controlo do Senado, mas a verem os republicanos em maioria na Câmara dos Representantes, onde a democrata Nancy Pelosi foi substituída pelo congressista republicano John Boehner como Speaker.
Outro ponto de interesse residirá na relação entre o novo Congresso e o Presidente Barack Obama, que, pela primeira vez no seu mandato, será obrigado a procurar compromissos com a oposição para governar o país. Aliás, o acordo fiscal bipartidário, aprovado nos últimos dias do Congresso anterior, terá sido uma espécie de ensaio geral para a nova era que agora se inicia. Mas, ao ter a necessidade de dialogar e cooperar com a liderança do GOP, Obama até poderá sair a ganhar politicamente, visto que, ao colocar-se aos olhos do público como uma figura moderada e conciliatória, distanciando-se dos mais radicais à Esquerda e à Direita, isso poderá ser-lhe bastante útil na batalha pela reeleição, em 2012.
Porém, certamente que os republicanos não lhe facilitarão a vida e na sua agenda vislumbram-se já alguns elementos que entrarão em choque directo com a Casa Branca. Em primeiro lugar, os republicanos prometem fazer da revogação da reforma da saúde, alcançada por Obama e pelos democratas no início de 2010, um dos seus principais objectivos. Esta é uma meta inatingível, pelo menos para já, enquanto os democratas mantiverem o controlo da Presidência e do Senado, mas a simples discussão deste tema, com Obama e os democratas a verem-se obrigados a defender uma (ainda) impopular reforma do sistema de saúde, poderá ajuda as perspectivas republicanas para as eleições de 2012.
Depois, com os republicanos em maioria na House, passarão também a assumir a presidência das comissões. Uma delas em particular poderá gerar bastante controvérsia com a Casa Branca de Obama: a Comissão de Fiscalização e Reforma do Governo. Darrel Issa, o republicano que passa a liderar esta comissão, já prometeu que irá investigar profundamente as acções do governo norte-americano, o que poderá colocar alguns problemas à administração Obama. Todavia, os republicanos terão de agir moderadamente, pois se a sua investigação parecer mais uma perseguição, o tiro poderá sair pela culatra, como os anos Clinton tão bem ensinaram.
Após a pausa para as festas natalícias, o Congresso terá agora pela frente um pequeno período de "aquecimento", onde os legisladores estreantes se irão adaptar aos procedimentos no Capitólio. Depois disso, o órgão legislativo americano entrará em pleno funcionamento e será curioso assistir à dinâmica deste Congresso dividido. Se a isso juntarmos o arranque da campanha presidencial, algures nos próximos meses, fica claro que 2011 promete ser um ano em cheio!
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