quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um dia agitado no Congresso

Apesar de o actual elenco do Congresso americano estar a nos seus últimos dias de vida, já que no próximo ano entra em funções o figurino que resultou das eleições intercalares de Novembro passado, a verdade é que no Capitólio a actividade tem sido mais que muita, com vários e importantes temas a merecerem a atenção e o debate dos legisladores americanos.
Hoje mesmo, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, agendou uma votação relativa ao fim da política "Don't Ask, Don't Tell", (DADT) que veda o acesso às Forças Armadas americanas aos aspirantes que assumam ser homossexuais. Contudo, a revogação do DADT falhou, já que, tendo Reid marcado a votação antes de ter chegado a um acordo final com os senadores republicanos dispostos a votar a favor da medida, o resultado final ficou aquém dos 60 votos necessários para a aprovação do diploma. 
Noutro tema e noutra câmara do Congresso, os democratas tiveram mais sorte, já que o DREAM act, o projecto de lei que prevê a obtenção da cidadania americana para os imigrantes ilegais dispostos a frequentar a universidade ou a servir nas forças armadas, foi aprovado pela Câmara dos Representantes. A votação seguiu, em grande parte, as linhas partidárias, mas 38 democratas votaram contra, enquanto que 8 republicanos mostraram-se favoráveis ao diploma. Agora, o DREAM act passa para o Senado, que terá também de se pronunciar sobre esta legislação.
De volta ao Senado, hoje foi também votado um pacote legislativo que, a ser aprovado, providenciaria assistência médica aos voluntários, operários e residentes de Nova Iorque  que ficaram doentes em consequência da inalação de fumos e gases tóxicos provenientes do Ground Zero, depois da queda das Torres Gémeas. Mais uma vez, a votação foi em consonância com as fileiras partidárias, com os democratas a votarem a favor e os republicanos, que têm levantado dúvidas relativamente à forma como seriam pagos os 7,4 biliões de dólares que custariam esta proposta, a oporem-se e, consequentemente, a impedirem a sua aprovação.
Enquanto isso, o badalado acordo fiscal entre Barack Obama e os republicanos continua a dar muito que falar, já que ambos os lados da barricada estão a colocar muitos entraves a este compromisso bipartidário. Mas as críticas mais ferozes vêm mesmo do lado democrata, em especial dos congressistas do Partido Democrata que ameaçam não aprovar a proposta que o seu presidente defende. Esta posição de força dos liberais não significa a morte do acordo, mas poderá obrigar a que Obama e a liderança republicana no Senado sejam obrigados a fazer algumas alterações no compromisso que alcançaram.
Todos estes casos deixam bem claro que a política de Washington está cada vez mais polarizada e entrincheirada na rígida doutrina ideológica e partidária, sobrando assim pouco espaço para a moderação e o entendimento entre democratas e republicanos. Assim, numa altura em que os republicanos estão perto de assumirem o controlo da Câmara dos Representantes, mantendo-se o Senado e a Casa Branca nas mãos dos democratas, esta situação pode tornar os Estados Unidos um país ingovernável, ou, pelo menos, impedir que alguma política ou programa de relevo sejam realizados nos próximos dois anos.

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