O presidente norte-americano, Barack Obama, aterrou hoje, de surpresa, no Afeganistão, mais precisamente na base aérea de Bagram, a cerca de 60 quilómetros de Cabul. A recebê-lo estavam as duas mais altas autoridades militares e civis dos Estados Unidos no país, o General David Petraeus e o Embaixador Karl Eikenberry. Obama deve permanecer apenas cerca de três horas em território afegão, já que a deslocação prevista até à capital do país, onde se encontraria com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, foi cancelada por razões meteorológicas. Assim sendo, o Commander-in-Chief terá de permanecer na base área, onde aproveitará a oportunidade para visitar e condecorar os feridos que se encontram no hospital de campanha aí sediado. Além disso, Obama e Karzai falarão por teleconferência, impossibilitados que estão de se encontrarem pessoalmente.
Esta visita do presidente norte-americano terá vários motivações. Em primeiro lugar, o líder supremo das forças armadas cumpre o seu dever de apoiar os milhares de soldados americanos que terão de passar mais um Natal longe de casa e das suas famílias. Depois, convém a Barack Obama ter um contacto mais próximo com a realidade no terreno, num momento determinante para o futuro da presença americana no Afeganistão, já que os EUA estão a fazer a revisão da sua estratégia para este conflito, com o propósito de, em Julho de 2011, iniciarem o projecto de transferência de poder para os afegãos. Por fim, as recentes e polémicas revelações atiraram ainda mais achas para a fogueira no que diz respeito à relação (já de si tensa) entre Hamid Karzai e os americanos, o que poderá ter levado Obama a querer reunir-se pessoalmente o chefe de Estado afegão.
Pela segunda vez este ano, Barack Obama visita o Afeganistão, numa prova do empenho do presidente americano naquela que sempre considerou ser a guerra onde os Estados Unidos deviam concentrar os seus esforços e atenções. Desde que chegou ao poder, já por duas vezes Obama reforçou o contingente militar norte-americano no Afeganistão. Contudo, nem o aumento dos meios humanos, nem o comando de Petraeus, o mestre das surges, têm conseguido melhorar substancialmente a situação das forças americanas e da NATO no país. Por isso, não admira que na recente cimeira da NATO, em Lisboa, os americanos e os aliados tenham (timidamente) começado a preparar o terreno para a saída deste longo conflito que se arrasta há já nove anos, mas sem fim à vista.
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