Estamos de volta! Após umas férias retemperantes (ainda que tenham sabido a pouco), o Máquina Política regressa para fazer, sem mais interrupções, a cobertura do que resta da campanha eleitoral para a Presidência dos Estados Unidos. E, nas semanas em que não houve posts, Barack Obama saiu-se bem, devido principalmente à confirmação pelo Supremo Tribunal da constitucionalidade da reforma da saúde que promoveu, mas também pelos ataques que a sua campanha lançou contra o candidato republicano Mitt Romney.
Mas comecemos pelo tema mais importante: a aprovação da mais importante e polémica peça legislativa dos últimos anos nos Estados Unidos pelo mais alto órgão judicial norte-americano. Afinal, e ao contrário do que se esperava, o Supremo Tribunal declarou constitucional a famosa Obamacare, numa votação de cinco votos a favor contra quatro votos desfavoráveis. Surpreendentemente, não foi de Anthony Kennedy, o juíz moderado e que desempenha normalmente o papel de swinv vote, o voto decisivo. Desta vez, foi mesmo o Chief Justice John Roberts, um conservador nomeado por George W. Bush, que alinhou com os juízes da ala liberal para permitir a aprovação da lei. Desta forma, Roberts, que ainda tem largos anos no Supremo Tribunal pela frente, preferiu não tomar uma decisão que teria enormes consequências políticas e que poderia minar o seu futuro como líder do Supreme Court.
Assim, Barack Obama conseguiu uma importante vitória, evitando que a bandeira mais emblemática do seu primeiro mandato fosse eliminada ou cortada pelo poder judicial. Além disso, após a decisão do Supremo Tribunal, a popularidade da reforma da saúde tem aumentando, o que permite a Obama utilizar a Obamacare na campanha, em especial os seus elementos mais sedutores, como a impossibilidade de as seguradoras negarem seguros a pessoas com condições médicas pré-existentes.
Embalado por esta vitória, Obama partiu para o ataque no trilho da campanha, lançando uma série de anúncios onde critica ferozmente Mitt Romney pelo seu passado na Bain Capital, acusando-o de destruir empresas e empregos nos Estados Unidos, transferindo-os para o estrangeiro e, com isso, fazendo fortuna. Esta táctica tinha sido já utilizada durante as primárias republicanas, por Rick Santorum e Newt Gingrich. Na altura, o resultado foi nulo, com os eleitores republicanos pouco inclinados a criticar os feitos empresariais de Romney. Contudo, numa eleição geral, o eleitorado moderado e independente pode ser um alvo bem mais receptivo a este género de narrativa. E, de facto, nos últimos dias, as sondagens têm mostrado um ligeiro ganho por parte do Presidente, tanto nos estudos nacionais, como nas sondagens nos principais swing states.
Agora, Romney procura responder, tendo feito um périplo por vários programas informativos em diversos canais de televisão (alterando a sua estratégia mais recente de evitar as aparições nos media, exceptuando a Fox News, terreno mais seguro e familiar para o GOP), onde exigiu mesmo um pedido de desculpas por parte de Obama devido à onda de ataques vinda dos democratas. Como se pode ver, a campanha está definitivamente lançada e promete ser dura, negativa e disputada aos limites. E como não podia deixar de ser, nós cá estaremos para seguir e dissecar esta apaixonante corrida.
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