Como escrevi ontem, Mitt Romney tem estado sob cerrado ataque da campanha de Barack Obama, que tenta explorar o seu passado na Bain Capital, acusando-o de enriquecer à custa das empresas que desmantelou e dos postos de trabalho que extinguiu ou enviou para o estrangeiro. Mais recentemente, o candidato tem tentado reagir, mas novas alegações, difundidas nos media, têm-no impedido de retomar à sua mensagem e ultrapassar este momento menos positivo para a sua candidatura.
Uma das histórias está ainda relacionada com o seu passado na Bain Capital, nomeadamente devido ao tempo que Romney terá passado nessa empresa. Ora, segundo os formulários financeiros que preencheu quando se candidatou à presidência, Mitt Romney declarou, sob juramento, que havia deixado a Bain Capital em Fevereiro de 1999, para se dedicar exclusivamente à organização dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City. Contudo, segundo relatos posteriores, e de acordo com o próprio, Romney terá permanecido ligado à empresa até 2002. Assim, há já quem acuse o nomeado republicano de faltar à verdade e mesmo de perjúrio. Mitt Romney já se veio defender, alegando que entre 1999 e 2002 esteve com uma licença sem vencimento e não manteve quaisquer responsabilidades na empresa. Ainda assim, a Bain Capital ameaça ensombrar a sua candidatura, com Barack Obama a saber aproveitar esta aparente fragilidade de Romney.
Mas há outro tema a dar dores de cabeça ao antigo Governador do Massachusetts e que pode ser ainda mais prejudicial à sua candidatura. Desde o início da campanha presidencial, Romney tem sido pressionado pelos seus opositores a divulgar as suas declarações de impostos. Até agora, havia sempre resistido, mas com o avolumar das pressões para que o fizesse, incluindo algumas provenientes do seu próprio partido, Romney anunciou que irá divulgar as suas declarações de impostos dos últimos dois anos e não mais do que isso. Ora, ao impor esta limitação, Romney já sabia que iria ser alvo de críticas e renovadas suspeitas em relação aos seus rendimentos. Todavia, optou por esta via, o que parece indicar que estará a querer controlar os danos e prefere esse tipo de críticas do que aquelas que surgiriam se revelasse as suas declarações de anos anteriores. É possível que esses documentos mostrassem que, nos últimos anos, Romney abriu novas contas em offshores ou que pagou taxas fiscais muito baixas, o que seria bastante prejudicial à sua campanha e daria novas e fortes linhas de ataque para os democratas. Estamos no campo da especulação, é certo, mas a decisão de Romney em não revelar as suas declarações de impostos dará azo a este tipo de controvérsias.
Por tudo isto, o candidato presidencial do GOP está actualmente obrigado a jogar à defesa. Devido a estes temas quentes, a sua campanha está a ter dificuldades em voltar à mensagem desejada, centrada, como se sabe, no tema da economia. Não admira, por isso, que já se fale na possibilidade de Romney divulgar em breve o seu candidato à vice-presidência. Nesta altura, tudo o que possa desviar o actual rumo dos ciclos noticiosos, é positivo para a campanha de Mitt Romney.
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