quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Time is running out

Estamos já na recta final da campanha presidencial norte-americana e a corrida parece ter estabilizado, não havendo grandes novidades nas sondagens. Neste momento, a vantagem de Joe Biden sobre Donald Trump nas sondagens de nível nacional mantém-se nos single digits altos, com alguns estudo de opinião a atingirem ou mesmo a ultrapassarem a dezena de pontos percentuais. Já os números nos battleground states são mais modestos para o candidato democrata, mas, ainda assim, mostram uma diferença sólida e constante a favor de Biden.

De uma forma geral, Joe Biden tem vindo a reforçar a sua posição na rust belt. Nesta zona, o democrata tem surgido com melhores números nos estados onde está obrigado a vencer (Michigan, Winsconsin e Minnesotta) e apenas na Pennsylvania a sua vantagem é relativamente mais reduzida (ainda que ronde os 5%). Já no Ohio, a corrida está mais equilibrada e é um verdadeiro toss up. Contudo, isso até são boas notícias para o antigo vice-presidente, já que este era um estado que chegou a parecer fora do seu alcance. Mais a norte, mas ainda no midwest, o Iowa está cada vez mais equilibrado. Apesar de ser um estado predominantemente rural, o pico de infecções com Covid-19 e a insatisfação dos eleitores para com a gestão da crise pelo governador republicano, tem prejudicado as hipóteses de Trump no hawkeye state.

No Oeste, o Arizona parece cada vez com maior tendência para virar para lado democrata, já que as sondagens têm vindo constantemente a mostrar vantagem para Biden. Com o New Mexico e o Colorado definitivamente no lado azul, Donald Trump aposta no Nevada, onde os estudos de opinião mostram os números a apertar, ainda que, neste estado, exista uma crónica carência de sondagens de qualidade.

Continuando na sunbelt, mas mais a leste, os democratas estão, agora, a apostar forte no Texas e na Georgia, dois antigos bastiões republicanos, obrigando Trump a jogar à defesa, já que, caso perca um destes estados, será obrigado a despedir-se da Casa Branca. Enquanto isso, na Florida, a corrida está totalmente imprevisível. Os primeiros números de votos antecipados mostravam uma grande vantagem democrata, mas, nos últimos dias, uma onda de votos republicanos veio equilibrar a contenda, cujo desfecho deverá ser conhecido ao photo-finish, como é, aliás, habitual no sunshine state.

Mais a norte, na North Carolina, existe um outro toss-up, ainda que as sondagens venham a apresentar vantagem para Biden, ainda que por margens mínimas. Já a Virgínia, outrora um estado seguro para o Partido Republicano virou definitivamente à esquerda e é agora terreno democrata. Subindo ainda mais no mapa, chegamos ao New Hampshire que deverá atribuir os seus quatro votos eleitorais a Joe Biden, segundo indicam as sondagens. 

Finalmente, e falando dos dois estados que não atribuem os seus votos eleitorais através do sistema winner takes all, o candidato democrata deverá amealhar todos os votos eleitorais do Maine e ainda um dos votos eleitorais do Nebraska, a confirmarem-se os dados recolhidos pelas diversas polls que têm vindo a público nos últimos tempos. 

Fazendo esta pequena viagem pelo mapa eleitoral, percebe-se facilmente que Joe Biden se encontra numa posição extremamente favorável para vencer no colégio eleitoral e, assim, ser empossado como o 46º presidente dos Estados Unidos. A Donald Trump, que já não conta com mais debates para poder alterar a narrativa da corrida, cuja campanha está praticamente sem dinheiro no banco e vê o seu opositor gastar várias vezes mais em anúncios televisivos do que a sua campanha, e numa altura em que a pandemia volta a atacar em força, já não resta mais do que esperar por um monumental erro das sondagens, sendo certo que esse erro terá de ser bem superior ao que se registou em 2016. Em resumo, Trump está sem debates, sem dinheiro e sem vacina para poder ultrapassar Joe Biden. E, pior do que isso, está também a ficar sem tempo.

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