Quando Barack Obama foi eleito pela primeira vez, em 2008, conseguiu-o depois de uma campanha eleitoral em que o seu principal talking point foi a crítica à Administração de George W. Bush. Na altura (e actualmente, ainda que de forma menos pronunciada), o 43º Presidente dos Estados Unidos era altamente impopular e a estratégia democrata resultou na perfeição - quatro anos mais tarde voltaria a funcionar.
Assim, após a eleição do antigo Senador do Illinois, esperava-se que Obama, ao cumprir a sua promessa de romper com as políticas de Bush, mudasse radicalmente o rumo da Casa Branca. Contudo, isso foi apenas parcialmente verdade, já que, no domínio da política externa e da segurança nacional, Obama optou por seguir os passos de Bush.
Uma das raras excepções verificou-se logo no início do seu primeiro mandato, quando Obama tentou cumprir a promessa eleitoral de fechar Guantánamo. Todavia, os seus esforços esbarraram na intransigência do Congresso e, ainda hoje, a polémica prisão para os suspeitos de terrorismo continua a funcionar.
Também é verdade que o actual Presidente melhorou um pouco a imagem dos Estados
Unidos no mundo e que retirou as tropas do Iraque (ainda que a retirada
deste país se tenha iniciado durante o mandato de Bush). Todavia, no restante, Barack Obama tem seguido um guião que podia muito bem ter sido escrito por W. O combate ao terrorismo continua a seguir uma linha dura, como é demonstrado pela prioridade dada ao cenário de guerra afegão, pela morte de Osama Bin Laden e pela aposta no uso de drones, com estes aparelhos não tripulados a serem mesmo utilizados em países terceiros ou contra cidadãos americanos.
Mais recentemente, a polémica em torno do acesso pelo governo norte-americano a todas as comunicações realizadas no país veio reacender ainda mais o debate sobre os meios utilizados pelo governo dos Estados Unidos para fazer face ao terrorismo. Também aqui, Obama parece seguir a linha de Bush, ao utilizar todas as capacidades ao dispor do governo federal para combater o terror, ainda que tenha de por em causa a privacidade dos cidadãos norte-americanos.
Neste debate, e como seria de esperar, as posições inverteram-se. De um lado, os democratas, anteriormente mais propensos a oporem-se a programas que limitavam a privacidade e os direitos dos cidadãos, como o Patriot Act, são agora acérrimos defensores das medidas adoptadas pelo governo para limitar as actividades terroristas. Do outro lado, os republicanos, que apoiaram todas as políticas anti-terrorismo de Bush, clamam agora por justiça e acusam Barack Obama de extrapolar os seus poderes entrando no domínio privado dos norte-americanos.
No fim de contas, e apesar de todo espectáculo mediático e político à volta desta polémica, verifica-se que George W. Bush em Barack Obama, os dois presidentes dos Estados Unidos na era pós-11 de Setembro, têm seguido a mesma cartilha. Para combater o terrorismo, aumentaram o poder presidencial e não deixaram de utilizar qualquer ferramenta à sua disposição, mesmo que, com isso, tenham levantado questões legais e éticas. Ainda assim, a verdade é que a maioria dos norte-americanos apoia com estas medidas, o que leva a entender que tanto os Presidentes como os cidadãos estão de acordo: neste caso, os fins justificam os meios.
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