Como o prometido é devido, hoje abordo a disputa pelo Senado, a câmara alta do Congresso dos Estados Unidos, actualmente dominada pelo Partido Republicano, que conta com 53 dos 100 lugares do mais conceituado dos órgãos legislativos norte-americanos. Ao contrário do que acontece na contenda pela Câmara dos Representantes, onde uma vitória democrata é praticamente certa, o controlo do senado está em jogo neste ciclo eleitoral e, a crer nas sondagens, é muito provável que os democratas consigam, a 3 de Novembro voltar a uma posição maioritária na câmara alta.
Este ano, acontecem 35 eleições para o Senado, sendo que 33 são regulares e 2 eleições especiais no Arizona e na Georgia, para os eleitores escolherem os sucessores eleitos de John McCain, falecido em 2018, e de Johnny Isakson, que se demitiu em 2019, respectivamente (até agora, esses lugares foram ocupados de forma provisória por políticos nomeados pelos governadores dos seus estados).
Entre assentos que não vão a votos e aqueles que é certo que seguirão nas mãos dos democratas, temos 44 lugares, à partida, no lado azul. Depois, podemos já atribuir o Colorado ao Partido Democrata, já que o candidato democrata, John Hickenlooper, tem surgido com sucessivas e folgadas vantagens nas sondagens sobre o senador do GOP, Cory Gardner. Sendo o Colorado, hoje em dia, um estado com grande inclinação para os liberais, este será o primeiro lugar a mudar de mãos.
Por sua vez, os republicanos contam, inicialmente, com 41 assentos do seu lado, contando os lugares que não se disputam e aqueles onde contam com uma vantagem insuperável. Entre estes, coloco a corrida do Mississippi, apesar de alguns analistas considerarem que poderá ser competitiva. Além disso, parece quase certo que, no Alabama, o senador democrata, Doug Jones, não conseguirá manter o seu lugar e será derrotado pelo republicano Tommy Tuberville.
Sobram, assim, 13 corridas cujo desfecho está em dúvida, pelo que serão essas que teremos de seguir com mais atenção na noite eleitoral e que decidirão, contados os votos, qual dos partidos controlará o Senado. Com base na minha perceção das várias contendas, colori o mapa eleitoral da forma que podem ver na imagem de cima. Dividindo os estados por categorias, cheguei às seguintes escolhas:
Leaning Republican - Texas, South Carolina e Alaska.
O Alaska é sempre um estado difícil de prever, por causa da falta de sondagens, sendo que os poucos estudos de opinião mostram uma curta vantagem republicana. O Texas e a South Carolina são ambos estados do Sul, onde os republicanos são claramente favoritos, mas em que o simples facto de serem considerados relativamente competitivos demonstra como o clima político actual nos Estados Unidos é desfavorável ao GOP. Ainda assim, é o senador da SC, Lindsey Graham que parece em pior situação (ponderei mesmo colocar esta corrida como toss-up).
Leaning Democrat - Minnesota, Michigan, Maine
À imagem do que acontece nas corridas presidenciais, o upper midwest parece terreno favorável para os liberais, pelo que os actuais senadores democratas deverão manter os seus assentos no Minnesota e no Michigan. Já no Maine, a senadora republicana, Susan Collins, muito dificilmente será reeleita e a democrata Sara Gideon está numa posição muito favorável para ficar com o seu lugar.
Toss-up - Montana, Iowa, Arizona, North Carolina, Kansas, Georgia 1 e 2
Estas são as corridas mais equilibradas e onde é mais difícil prever um vencedor. No Arizona, na North Carolina e no Iowa os democratas parecem estar em melhor posição, ao passo que no Kansas e no Montana os candidatos republicanos podem ter uma ligeira vantagem. Já na Georgia, a situação é muito complicada, porque, aqui, há lugar a segunda ronda, caso nenhum dos candidatos consiga uma maioria absoluta. Em ambas as eleições, será difícil que não venha a ser necessária a eleição runnoff (segunda volta), ainda que seja possível que o democrata Jon Ossof consiga ultrapassar os 50% na sua corrida face ao senador republicano David Perdue, que está a ter muitas dificuldades. Talvez o mais importante factor a reter destas sete disputadas eleições é que todas elas têm um ponto em comum - todos os lugares em disputa são, actualmente, ocupados por senadores republicanos.
Assim se percebe que o Partido Democrata tem um caminho muito mais desimpedido rumo à maioria no Senado do que o GOP. E os democratas poderão mesmo precisar apenas de alcançar 50 assentos, pois cabe ao vice-presidente o voto de desempate em caso de igualdade numa votação do Senado e, nesta altura, é Joe Biden o favorito a vencer a eleição presidencial. Nesse caso, apenas precisariam de vencer dois dos sete estados toss-up, algo que parece bastante provável, pelo que se pode prever que uma vitória democrata, ainda que não seja certa, é bastante provável.
Sem comentários:
Enviar um comentário