sábado, 7 de novembro de 2020

President-elect Joe Biden























Como se esperava, Joe Biden foi declarado, esta tarde, como o próximo presidente dos Estados Unidos, sucedendo a Donald Trump na Casa Branca. Até 20 de Janeiro, será o Presidente-elect e Kamala Harris a Vice-President-elect. A CNN foi a primeira cadeia noticiosa a quebrar o impasse e a atribuir a vitória na corrida a Biden, tendo sido seguida, pouca depois, por todas as outras.

Foram longas horas de espera, ainda que logo na manhã de quarta-feira fosse já possível antever um triunfo do democrata. Contudo, com a demora no processo de contagem de votos, apenas hoje, depois de Biden ter reforçado a sua liderança na contagem dos votos da Pennsylvania, as networks arriscaram anunciar a vitória do ex-vice-presidente.

Desfeitas as dúvidas, e com os resultados a serem conhecidos na sua totalidade, já será possível, nos próximos dias, fazer um balanço mais aprofundado à eleição que pôs todo o mundo a seguir a escolha do líder norte-americano durante quatro longos dias. Mas, agora, é altura de dizer simplesmente: Congrats, Mr. President-Elect!

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O rescaldo provisório

À hora que escrevo, início da tarde de dia 5, ainda não é conhecido oficialmente o vencedor. Até agora, optei por não escrever, dado que fazer contas antes de haver grande parte dos votos contados, não costuma dar bons resultados. Neste ciclo eleitoral, esse foi um problema particularmente sentido, devido à demora na contagem dos votos por correio em muitos estados e por esse factor novidade dificultar ainda mais a projecção de um possível vencedor. Contudo, arrisco, neste momento, algumas notas.

As sondagens voltaram a falhar, nomeadamente em alguns battleground states, com destaque para a Florida e para os estados do midwest. No primeiro caso, não conseguiram prever o colapso do condado de Miami-Dade para os democratas. Aqui, Joe Biden venceu por apenas 7 pontos percentuais, quando Clinton, em 2016, conseguiu uma margem de 30%. Assim, e apesar de ter melhorado a perfomance do candidato presidencial democrata no resto do estado, nomeadamente, Biden viu fugir a possibilidade de vencer os 29 votos eleitorais da Florida. No midwest, não foi o passeio que alguns estudos apontavam. O Michigan e o Wisconsin foram decididos apenas ontem e a Pennsylvania ainda está por ser declarada para qualquer um dos candidatos. 

Ainda assim, pode muito bem acontecer que cheguemos à conclusão que a eleição presidencial não foi tão equilibrada como agora parece. Joe Biden já tem, neste momento, cerca de 3,5 milhões de votos de vantagem no voto popular sobre Donald Trump. Este número continuará a crescer nos próximos dias, à medida que se vão contando votos por correio, maioritariamente democratas. Só na California, Biden deverá conseguir cerca de mais dois milhões de vantagem sobre Trump. Também no Colégio Eleitoral, o cenário pode mudar radicalmente a favor do democrata. Neste momento, o antigo vice-presidente é favorito para vencer na Pennsylvania, no Arizona e no Nevada, tendo ainda boas possibilidades na Georgia. Vencendo nestes quatro estados, Joe Biden ultrapassa a marca dos 300 votos eleitorais.

Se a corrida presidencial parece favorecer Biden, a noite foi muito negativa para o partido democrata nas eleições para o congresso. Na Câmara dos Representantes, esperava-se que os democratas reforçassem a sua maioria, ganhando aos republicanos entre 5 a 15 lugares. Contudo, tal previsão não se confirmou e os democratas podem vir mesmo a perder assentos na House. No Senado, também não se confirmou a reconquista da maioria pelos democratas, após a derrota no Maine e a provável desfeita na Carolina do Norte. Resta agora aos democratas vencer a segunda volta nas duas corridas para o Senado na Georgia (uma delas ainda por confirmar), para assim chegar aos 50 assentos e poder contar com o voto de desempate de uma eventual vice-presidente Kamala Harris.

Agora, resta esperar pela contagem dos votos nos estados onde ainda não conhecemos o vencedor. Neste momento, apenas a Carolina do Norte parece favorável para o ainda presidente Trump. Na Pennsylvania, no Arizona e no Nevada é Biden quem tem melhores possibilidades. Por fim, a Georgia é impossível de prever, sendo um verdadeiro toss-up. Com Joe Biden muito perto dos 270 votos eleitorais para conseguir a nomeação, tudo indica que será mesmo o 46º presidente dos Estados Unidos. Contudo, e para não cometer o erro que muitos cometeram na noite de dia 3 ao prever uma vitória de Trump como muito provável, o melhor é mesmo esperar pela contagem de todos os votos.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Horários de fecho das urnas
































Espera-se uma longa noite, para quem, como eu, tenciona ficar acordado a seguir o (possível) contar dos votos nos Estados Unidos. Para ajudar os political junkies que queiram assistir ao desenrolar dos acontecimentos, fica aqui o horário de fecho das urnas em cada estado, segundo a hora de Lisboa. A negrito, assinalo os estados a seguir com mais atenção:

23:00: A maior parte do Indiana e metade do Kentucky;

24:00: A maior parte da Florida; o resto do Indiana, o resto do Kentucky, Georgia, a maior parte do New Hampshire, South Carolina, Vermont e Virginia;

00:30: Ohio; North Carolina; West Virginia; 

01:00: Alabama, Connecticut, o resto da Florida, Illinois, parte do Kansas, Maine, Maryland, Massachusetts, a maior parte do Michigan, Mississippi, Missouri, o resto do New Hampshire, New Jersey, a maior parte do North Dakota, Oklahoma, Pennsylvania, Rhode Island, metade do South Dakota, Tennessee, a grande maioria do Texas, D.C.;

01:30: Arkansas;

02:00: Arizona, Colorado, o resto do Kansas, Louisiana, o resto do Michigan, Minnesota, Nebraska, New Mexico, New York, o resto do North Dakota, o resto do South Dakota, o resto do Texas, Wisconsin e Wyoming;

03:00: Parte do Idaho, Iowa, Montana, Nevada, parte do Oregon e Utah;

04:00: Califórnia, a maior parte do Oregon e Washington (estado);

05:00: Parte do Alaska e Hawaii;

06:00: O resto do Alaska.

Os battleground states

Feita a minha previsão para os resultados das eleições norte-americanas, importa clarificar as minhas decisões e fazer um ponto de situação nos battleground states, aqueles onde os eleitores escolherão, na verdade, o próximo presidente dos Estados Unidos.

OS ESTADOS DECISIVOS

Flórida (29 votos eleitorais) - Sendo o derradeiro battleground state, a Florida tem sido, nas últimas décadas, o mais disputado dos estados em corridas presidenciais e, este ano, não é diferente. Com sondagens para todos os gostos, é muito difícil antever o vencedor no sunshine state. Se num primeiro momento, os democratas pareceram levar vantagem no voto antecipado, uma onda posterior de votantes do GOP, veio equilibrar as contas. Neste estado, o voto latino será decisivo, até porque existe um sub-grupo de eleitores, os cubano-americanos, que votam tendencialmente no GOP (ainda que essa tendência venha a esmorecer). Como habitualmente, o condado de Miami-Dade será decisivo, com Biden a ter que conseguir margens junto dos jovens e minorias nos centros urbanos para contrariar a força de Trump junto dos eleitores rurais. Sendo um estado muito envelhecido por ser destino de reforma para muitos idosos, a forma como o presidente geriu a pandemia pode favorecer Biden junto de uma facção do eleitorado que, há quatro anos, preferiu Trump a Hillary Clinton. Contudo, o histórico recente na Florida é favorável ao GOP, pelo que aposto, sem convicção, na sua vitória.

Pennsylvania (20 VE) - Provavelmente, será o tipping point state, ou seja, o estado que dará a vitória a um dos candidatos. Sem a Pennsylvania, Trump não tem chances de ser reeleito, mas, vencendo aqui, passa a ser o favorito à vitória. Para vencer, Joe Biden precisa de uma operação de turnout melhor do que a de Hillary há quatro anos, especialmente junto dos jovens e das minorias. Devido ao voto antecipado, pode demorar alguns dias até conhecermos o vencedor, particularmente se a corrida for muito equilibrada. As sondagens têm dado uma vantagem constante ao democrata, ainda que por uma margem relativamente curta. Aposto numa vitória Biden, já que Trump venceu por uma unha negra em 2016 e , este ano, num clima muito mais negativo para o actual presidente, duvido que consiga aguentar o seu score na Pennsylvania. 

Georgia (16 VE) - Um sonho antigo para os democratas, que já tentaram vencer aqui em 2016, a Georgia parece agora verdadeiramente em jogo. Em 2018, a democrata Stacey Abrams perdeu a corrida para Governador por 1,2% e provou a competitividade democrata no estado. Depois disso, o partido de Biden manteve a sua estrutura intacta e continuou a registar eleitores. Numa eleição mais concorrida, e por isso mais propensa a atrair jovens e eleitores das minorias, o Partido Democrata tem hoje uma grande possibilidade de vencer num estado que lhe foge desde 1992. A crer nas sondagens, a corrida será disputada até ao último voto.

North Carolina (15 VE) - Este é porventura o estado globalmente mais importante da noite, dado que tem corridas competitivas para a eleição do Presidente, de um lugar no Senado e do cargo de Governador do estado. Por isso, muitos milhões de dólares foram gastos, pelos dois lados, nas campanhas da Carolina do Norte. Barack Obama venceu o estado em 2008, mas perdeu-o em 2012. Há quatro anos, Trump voltou a dar a vitória aos republicanos. Sendo um estado com grandes mudanças demográficas, teima em não seguir o caminho que fez a sua vizinha Virginia, rumo ao domínio democrata. Este ano, Joe Biden parece ligeiramente à frente, mas não seria uma surpresa assistir a um triunfo de Donald Trump.

Arizona (11 VE) - Depois de as sondagens terem dado, durante largas semanas, uma vantagem relativamente confortável a Joe Biden no Arizona, os últimos estudos de opinião parecem indicar uma ligeira recuperação do actual presidente. Contudo, os democratas parecem ter já um pé firme no estado e são favoritos à vitória, fruto da sua vantagem em Phoenix, o grande centro urbano do Arizona, e entre os eleitores hispânicos, que representam uma importante fatia do eleitorado. Uma vitória democrata neste estado, poderá ser decisiva, pois permite a Biden um caminho para os 270 votos eleitorais sem precisar dos 20 votos eleitorais da Pennsylvania. 

OS ESTADOS LEANING BIDEN

Michigan (16 VE) e Wisconsin (10 VE) - Juntei estes dois estados, por terem muito em comum. São ambos da zona do midwest, com muitos blue collar works e deram a vitória a Trump, há quatro anos. Além disso, é muito provável que, desta vez, repitam a tendência e apostem no mesmo candidato. Segundo as sondagens, estes dois estados estão relativamente seguros para Joe Biden, que consegue melhores resultados com os eleitores brancos do que aqueles que Clinton alcançou há quatro anos. Em particular no Michigan, com uma forte comunidade afro-americana, a presença de Kamala Harris no ticket democrata pode ajudar a motivar os eleitores negros a comparecer às urnas e a votar democrata. Um triunfo de Trump nestes estados (ou apenas num), ainda que muito improvável, será, certamente, sinal que continuará na Casa Branca. 

New Hampshire (4 VE) e Nevada (5 VE) - Dois estados pequenos, mas que são, por normal, muito importantes nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Ambos são early states nas primárias e ambos deverão atribuir os seus votos eleitorais aos democratas, como tem acontecido desde 2008. Contudo, as semelhanças acabam aí. O New Hampshire é um estado do nordeste, maioritariamente branco e com um eleitorado tendencialmente independente e moderado. Segundo as sondagens, Biden segue confortavelmente para a vitória. Ainda que no Nevada a corrida parece relativamente mais equilibrada, acredito que o eleitorado hispânico e a grande influência dos sindicatos de trabalhadores de casinos, aliados dos democratas, serão suficientes para garantir a vitória de Joe Biden.

OS ESTADOS LEANING TRUMP

Texas (38 VE) - Este será um dos estados mais interessantes de seguir, mais logo. Com uma grande comunidade hispânica e vários centros urbanos em rápido crescimento, o Texas já alguns ciclos eleitorais que vem sendo apontado, erroneamente, como possível battleground state. Parece, porém, que chegou finalmente a vez do The Lone Star State merecer esse título, pois as sondagens indicam uma clara aproximação de Joe Biden. Ainda antes de chegar o dia de hoje, já os texanos tinham batido os anteriores recordes de participação eleitoral, pelo que será muito difícil prever o resultado no Texas com base nos dados de eleições anteriores. A prudência diz-me para esperar uma vitória republicana, mas, se tivesse que apostar numa surpresa, seria no Texas que colocaria as minhas fichas.

Ohio (18 VE) e Iowa (6 VE) - O Ohio tem a fama de votar sempre no candidato que vence a eleição geral, mas poderá muito bem perder o título nesta eleição. Nos últimos anos, o estado tem virado à Direita, fruto do declínio dos seus centros urbanos e do ressentimento de muitos eleitores brancos pelo desaparecimento de postos de trabalho ligados à indústria e à extracção de recursos minerais. Esse ressentimento foi aproveitado por Donald Trump que, com o seu discurso proteccionista, atraiu muitos blue collar workers para as suas fileiras. Este ano, a corrida deverá ser mais apertada do que em 2016, mas Trump parte na frente. O Iowa, um estado predominantemente rural e branco, é terreno favorável para o perfil do Presidente, ainda que tenha perdido popularidade devido à sua gestão da pandemia, pois o Iowa tem sido especialmente fustigado pelo vírus nas últimas semanas. Contudo, se, no final da noite, Donald Trump não tiver vencido estes dois estados, então é porque deixará a Casa Branca em Janeiro de 2021.

E AINDA...

1 VE no Maine e 1 VE no Nebraska - O Maine e o Nebraska quebram o tradicional winner takes all e atribuem os seus votos eleitorais de uma forma mista: 2 votos ao vencedor no estado e 1 voto ao vencedor em cada distrito. Por isso, e apesar de os estados em si não parecerem estar em disputa, um distrito em cada um dos estados pode diferir do resultado do estado como um todo. No Nebraska, Joe Biden parece bem colocado para conquistar o voto eleitoral do 2º distrito do estado, que abrange a cidade de Omaha. No Maine, também no 2º distrito, existe um maior equilíbrio, mas eu atribuo melhores possibilidades para o candidato democrata. São apenas dois votos eleitorais, mas, numa corrida muito equilibrada, podem fazer a diferença.

As minhas apostas

 
















A poucas horas de abrirem as urnas nos Estados Unidos, deixo aqui a minha aposta para o figurino do Colégio Eleitoral depois de se contarem todos os votos. Este foi um exercício especialmente difícil de fazer, tão grande é o número de battleground states com sondagens a mostrarem diferenças entre os dois candidatos dentro da margem de erro. 

Entre eles, o mais difícil de prever foi a Florida, mas dadas as vitórias republicanas neste estado em 2016 e 2018, atribuo favoritismo mínimo a Donald Trump. Mas que isso não descanse os simpatizantes do GOP, já que, em 2012, apostei na vitória de Romney no sunshine state e, em 2016, num triunfo de Hillary Clinton. Por isso, o meu histórico na Florida não é o melhor.

A confirmar-se a minha previsão, Joe Biden será o próximo presidente norte-americano, relegando Trump para a condição de one term President. Com uma margem clara, mas não tão grande como se poderia prever, Biden conseguiria uma coligação alargada de estados do Nordeste, do Sul, do Midwest e do Oeste. 

Maior que a vitória de Biden no Colégio Eleitoral, deverá ser o seu triunfo no total de votos a nível nacional. Nesse campo, que não conta para o apuramento do resultado final, mas é sempre importante para a legitimação do mandato presidencial, Biden poderá mesmo conseguir uma margem de dois dígitos. No mínimo, conseguirá, pelo menos 5/6 pontos percentuais de vantagem. Na minha opinião, a diferença entre os dois concorrentes deverá rondar os 7/8%, o que demonstra bem a actual desvantagem dos democratas no Colégio Eleitoral - em 2008, Barack Obama, com uma margem de 7,2% no voto popular, amealhou 365 votos eleitorais.

















Passemos agora para a disputa pelo Senado, que, nos últimos dias, ganhou um maior equilíbrio fruto de uma ligeira recuperação dos candidatos republicanos em alguns estados. Com muitas corridas equilibradas, foi bastante difícil apresentar um mapa sem toss ups, pelo que este é cenário mapa com muitas interrogações. 

Em primeiro lugar, deixei ficar sem decisão as duas eleições na Georgia, já que ambas deverão obrigar a uma segunda volta. Depois, atribuí triunfos aos democratas no Maine, onde a republicana Susan Collins se tem aguentado, mas continua atrás nas sondagens, na North Carolina, onde o candidato democrata tem surgido constantemente na frente apesar de um escândalo sexual a semanas da eleição, e no Arizona. Para o GOP, ficaram os lugares no Kansas, no Montana, na South Carolina, estados profundamente republicanos, e os assentos no Iowa e no Texas. Nestes dois últimos estados, a minha decisão foi mais difícil: com as sondagens a dizerem que ambas as corridas estão muito equilibradas, favoreci os dois senadores do GOP, pois, tradicionalmente, o estatuto de incumbent confere alguma vantagem.

Com este cenário, os democratas têm vantagem na disputa pelo controlo da câmara alta, pois conseguem metade dos assentos e podem ainda alcançar pelo menos mais um lugar nas corridas da Georgia. Além disso, contarão, a confirmar-se a minha previsão de uma vitória de Joe Biden, com o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris. 

Finalmente, na Câmara dos Representantes, o Partido Democrata deverá reforçar a sua maioria e conquistar mais uma dezena de assentos, podendo esse número variar entre cinco e quinze. Desta forma, os democratas completam o tri-factor, fazendo o pleno nas eleições para a Casa Branca, Senado e Câmara dos Representantes, o que poderá ser fundamental para o sucesso legislativo dos democratas nos próximos dois anos. 

Nota ainda para as eleições para Governador em alguns estados. Sem grandes motivos de interesse a este nível no presente ciclo eleitoral, as corridas mais interessantes estão no Montana, onde o candidato republicano é favorito, e na North Carolina, onde é o democrata que parte com vantagem. 

Terminadas as previsões, importa agora seguir as contagens dos votos e consultar os resultados finais. Para ajudar, apresentarei, mais logo, um resumo dos estados a seguir e os horários dos fechos das urnas em todos os estados. Afinal, este é o dia mais longo do ano e está apenas a começar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

As últimas previsões

É (finalmente) amanhã o grande dia das eleições nos Estados Unidos. Com mais de metade dos votos já submetidos, os restantes eleitores deslocam-se às urnas para escolher os seus governantes e legisladores. A pouco mais de 24 horas do fecho das urnas, é altura de fazer uma última ronda pelas previsões, sendo que a mais importante (a minha) ficará para o dia de amanhã.

FiveThirtyEight

Hipóteses de vitória: Biden 90%; Trump 10%

Votos eleitorais: Biden 351; Trump 187

Real Clear Politics

Votos eleitorais: Biden 335Trump 203

Cook Political Report

Votos eleitorais: Biden 290Trump 125; Toss up 123

The Economist

Hipóteses de vitória: Biden 95%Trump 5%

Votos eleitorais: Biden 351Trump 187

Electoral Polls

Hipóteses de vitória: Biden 96%; Trump 4%

Votos eleitorais: Biden 335; Trump 203

Larry Sabato's Crystal Ball

Biden 321Trump 217; 

Como se pode verificar, a vantagem de Joe Biden face a Donald Trump tem sido constante e estabilizou desde o último debate. Se confiarmos nas sondagens, então o ex-vice de Barack Obama será o 45º presidente dos Estados Unidos e substituirá Trump a partir de 20 de Janeiro de 2021. 

Contudo, como costumam dizer os políticos da nossa praça, "sondagens valem o que valem" e temos de esperar pelos resultados oficiais, que podem demorar alguns dias, para saber se, desta vez, os estudos de opinião acertaram ou se temos um novo golpe de teatro, como o que aconteceu em 2016. 


Argumentos finais: Donald Trump

Argumentos finais: Joe Biden

domingo, 1 de novembro de 2020

The Lincoln Project

Hoje em dia, Donald Trump tem controlo total e absoluto sobre o Partido Republicano.  Se nos recordarmos das primárias de 2016, isso pode parecer estranho, pois, na altura, o establishment republicano combateu ferozmente o actual presidente. Nomes como Marco Rubio ou Lindsey Graham, agora 100% alinhados com Trump, eram grandes críticos do mogul de Nova Iorque. Mas, com a vitória nas primárias, Donald Trump conquistou uma enorme popularidade junto das bases republicanas, pelo que, agora, a esmagadora maioria dos políticos eleitos do GOP, usando de um natural instinto de sobrevivência, não ousa desafiar o actual presidente norte-americano.

Existem, porém, raras excepções. John McCain foi o exemplo mais notório, o que lhe valeu um ódio visceral por parte de Trump em resposta. Mais tarde, também o senador Jeff Flake, depois de anunciar que não se candidataria a um novo mandato no Senado, se tornou uma voz dissonante no partido na crítica ao presidente. Mais recentemente, o voto de Mitt Romney a favor da destituição de Trump foi uma rara demonstração de resistência no seio do partido Republicano.

Mas este ciclo eleitoral trouxe um movimento de operativos republicanos que se juntaram para fazer frente a Donald Trump e auxiliarem a candidatura de Joe Biden no objectivo comum da derrota do trumpismo. Constituído por nomes como Steve Schmidt, director da campanha de McCain em 2008, George Conway, advogado e marido da assessora de Trump, Kellyanne Conway, ou Michael Steele, antigo presidente do Partido Republicano, o The Lincoln Project tem feito uma  grande e colorida campanha contra o 45º presidente dos Estados.

Com uma forte operação nas redes sociais, o grupo já conseguiu, por diversas vezes, enervar Donald Trump, ao ponto de este ter atacado com violência, via Twitter, o grupo e os seus mais proeminentes membros. Além disso, o The Lincoln Project tem-se mostrado eficaz em angariar fundos para criar conteúdos e difundir sua própria campanha anti-Trump e pró-Biden. Com um grande conhecimento do eleitorado republicano, o grupo tem criado alguns dos mais eficazes vídeos de campanha, como o que encabeça este post. 

Se Joe Biden vencer, pode muito bem agradecer ao Lincoln Project, pois o grupo de republicanos anti-Trump terá dado uma importante contribuição para o fim de The Donald na Casa Branca. Já o Partido Republicano, se quiser mudar de rumo e cortar com os loucos anos Trump, bem pode olhar para este grupo como motivação e inspiração para se reinventar e voltar a ser "o partido de Lincoln".