terça-feira, 15 de abril de 2014

Teremos mais um Bush na Casa Branca?

As eleições intercalares, vulgarmente conhecidas como midterms, estão a cerca de meio ano de distância, mas as eleição presidencial, marcada para Novembro de 2016, continua a merecer grande parte das atenções nos meandros políticos dos Estados Unidos. E se no lado democrata, tudo continua na mesma, ou seja, ainda se aguarda a decisão por parte da ultra-mega-hiper-favorita Hillary Clinton, já no campo republicano o cenário é bem mais incerto.
Nos últimos dias, o nome mais falado é bem conhecido, pois partilha o apelido com dois antigos presidentes norte-americanos. Jeb Bush, antigo Governador da Florida, tem sido associado a uma possível candidatura presidencial. O mesmo aconteceu em 2012, mas, desta vez, esse rumor parece ser mais consistente, principalmente porque o establishment do GOP procura insistentemente um candidato credível para apoiar, depois da polémica que se instalou em torno de Chris Christie, que era, até há pouco tempo, o concorrente preferido por grande parte da estrutura partidária republicana para a corrida à Casa Branca.
O irmão mais novo do 43º Presidente pode muito bem ser uma boa aposta por parte do establishment do GOP para fazer frente aos candidatos do Tea Party, como Rand Paul ou Ted Cruz, figuras adoradas pela base do partido, mas demasiado conservadoras para representarem os republicanos numa eleição geral contra um(a) democrata. Com a vasta máquina dos Bush por detrás de si, Jeb não teria problemas em garantir apoios financeiros ou endorsements por parte de nomes proeminentes do Partido Republicano. Além disso, seria um candidato moderado quando comparado com outros possíveis concorrentes, como Rick Santorum, Mike Huckabee ou Scott Walker, além dos já citados Paul e Cruz. Em especial, a sua moderação em relação ao tema da imigração seria uma importante vantagem e um factor diferenciador (ainda que lhe pudesse trazer alguns dissabores durante as primárias), já que é conhecido o problema republicano junto do eleitorado hispânico. Finalmente, Jeb Bush provém da Florida, provavelmente o mais importante Estado numa eleição presidencial, fruto dos 29 votos eleitorais que o sunshine state atribui ao seu vencedor.
É claro que o nome Bush ainda traz recordações negativas à maior parte da população norte-americana. Contudo, isso não seria problema nas eleições primárias, já que a esmagadora maioria do eleitorado republicano tem uma imagem positiva de George W. Bush. Mas, mais importante que isso, Jeb sempre foi mais associado ao seu pai do que ao seu irmão mais velho, o que, numa altura, em que o patriarca da família goza de relativa popularidade junto da população, é uma boa notícia para o novo porta-estandarte da dinastia.
Ainda é muito cedo para dizer se Jeb Bush vai ou não ser candidato à Casa Branca, mas é certo que se o fizer será, apesar do seu nome, um fortíssimo concorrente. A sua entrada na corrida afastará outros nomes de peso (com Marco Rubio à cabeça) e reuniria o establishment e a ala moderada do GOP no apoio à sua candidatura, o que, por norma, é meio caminho andado para a vitória nas primárias republicanas. 
Será que vamos ter, 24 anos depois, um novo duelo presidencial entre um (uma, neste caso) Clinton e um Bush?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Sebelius de saída

Barack Obama aceitou, ontem, a demissão de Kathleen Sebelius, a Secretária dos Serviços de Saúde (Health and Human Services)  desde a tomada de posse da Administração Obama, em Janeiro de 2009. A imagem de Sebelius ficou inevitavelmente marcada pela negativa devido ao fiasco do site healthcare.gov, o sítio na internet onde os cidadãos norte-americanos se devem candidatar aos novos seguros de saúde criados pela reforma de saúde que ficou conhecida como Obamacare. Aquando do lançamento do site, vários foram os problemas e que levaram mesmo a um pedido de desculpas público do Presidente Obama.
Desde essa altura, o lugar da Secretária foi sucessivamente dado como muito estando em perigo, mas a verdade é que Barack Obama foi aguentando Sebelius no cargo, numa demonstração de lealdade para com aquela que foi uma das primeiras figuras proeminentes do Partido Democrata a apoiaram publicamente a sua candidatura à Casa Branca, em 2008 (na altura, Kathleen Sebelius era Governadora do Kansas). Agora, ao que tudo indica, será a actual directora do Office of Management and Budget, Sylvia Mathews Burwell a ser nomeada por Barack Obama para substituir a demissionária Sebelius.
Curiosamente (ou talvez não), a saída da Secretária dos Serviços de Saúde surge numa altura em que começam a aparecer os primeiros sinais positivos da implementação da reforma do sistema de saúde norte-americano. Com os problemas no healthcare.gov aparentemente resolvidos e com os primeiros milhões de cidadãos a aderirem ao Obamacare, é de esperar que a opinião dos norte-americanos comece a ser progressivamente (ainda que lentamente) mais favorável em relação à histórica peça legislativa assinada por Obama. Isso mesmo já terá percebido o Partido Republicano, que desde o início se mostrou intransigente na defesa da revogação da reforma, mas que, agora, já alterou o discurso, clamando pela melhoria e aperfeiçoamento da lei que permitiu o acesso a cuidados de saúde a milhões de norte-americanos.
Caberá agora a Sylvia Mathews Burwell a responsabilidade de alargar a implementação do Obamacare, uma tarefa de grande importância, em especial quando se aproxima a fase final da estadia de Obama na Casa Branca. Sendo a reforma da saúde a grande bandeira da presidência de Barack, é essencial que o Obamacare cumpra efectivamente a promessa de benificiar dezenas de milhões de norte-americanos que não tinham, até agora, acesso a cuidados de saúde O legado de Barack Obama depende disso.