À hora que escrevo, início da tarde de dia 5, ainda não é conhecido oficialmente o vencedor. Até agora, optei por não escrever, dado que fazer contas antes de haver grande parte dos votos contados, não costuma dar bons resultados. Neste ciclo eleitoral, esse foi um problema particularmente sentido, devido à demora na contagem dos votos por correio em muitos estados e por esse factor novidade dificultar ainda mais a projecção de um possível vencedor. Contudo, arrisco, neste momento, algumas notas.
As sondagens voltaram a falhar, nomeadamente em alguns battleground states, com destaque para a Florida e para os estados do midwest. No primeiro caso, não conseguiram prever o colapso do condado de Miami-Dade para os democratas. Aqui, Joe Biden venceu por apenas 7 pontos percentuais, quando Clinton, em 2016, conseguiu uma margem de 30%. Assim, e apesar de ter melhorado a perfomance do candidato presidencial democrata no resto do estado, nomeadamente, Biden viu fugir a possibilidade de vencer os 29 votos eleitorais da Florida. No midwest, não foi o passeio que alguns estudos apontavam. O Michigan e o Wisconsin foram decididos apenas ontem e a Pennsylvania ainda está por ser declarada para qualquer um dos candidatos.
Ainda assim, pode muito bem acontecer que cheguemos à conclusão que a eleição presidencial não foi tão equilibrada como agora parece. Joe Biden já tem, neste momento, cerca de 3,5 milhões de votos de vantagem no voto popular sobre Donald Trump. Este número continuará a crescer nos próximos dias, à medida que se vão contando votos por correio, maioritariamente democratas. Só na California, Biden deverá conseguir cerca de mais dois milhões de vantagem sobre Trump. Também no Colégio Eleitoral, o cenário pode mudar radicalmente a favor do democrata. Neste momento, o antigo vice-presidente é favorito para vencer na Pennsylvania, no Arizona e no Nevada, tendo ainda boas possibilidades na Georgia. Vencendo nestes quatro estados, Joe Biden ultrapassa a marca dos 300 votos eleitorais.
Se a corrida presidencial parece favorecer Biden, a noite foi muito negativa para o partido democrata nas eleições para o congresso. Na Câmara dos Representantes, esperava-se que os democratas reforçassem a sua maioria, ganhando aos republicanos entre 5 a 15 lugares. Contudo, tal previsão não se confirmou e os democratas podem vir mesmo a perder assentos na House. No Senado, também não se confirmou a reconquista da maioria pelos democratas, após a derrota no Maine e a provável desfeita na Carolina do Norte. Resta agora aos democratas vencer a segunda volta nas duas corridas para o Senado na Georgia (uma delas ainda por confirmar), para assim chegar aos 50 assentos e poder contar com o voto de desempate de uma eventual vice-presidente Kamala Harris.
Agora, resta esperar pela contagem dos votos nos estados onde ainda não conhecemos o vencedor. Neste momento, apenas a Carolina do Norte parece favorável para o ainda presidente Trump. Na Pennsylvania, no Arizona e no Nevada é Biden quem tem melhores possibilidades. Por fim, a Georgia é impossível de prever, sendo um verdadeiro toss-up. Com Joe Biden muito perto dos 270 votos eleitorais para conseguir a nomeação, tudo indica que será mesmo o 46º presidente dos Estados Unidos. Contudo, e para não cometer o erro que muitos cometeram na noite de dia 3 ao prever uma vitória de Trump como muito provável, o melhor é mesmo esperar pela contagem de todos os votos.
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