quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A última oportunidade de Trump















Decorre, hoje, na cidade de Nashville, no Tenneessee, o segundo e último debate entre os candidatos presidenciais, Donald Trump e Joe Biden. Depois do primeiro debate, que ficou para a história como um dos mais caóticos e menos civilizados de sempre, e do cancelamento do segundo debate devido ao facto de Trump ter adoecido com Covid-19, o embate de hoje pode ser decisivo para a escolha dos norte-americanos (pelo menos para os que ainda não votaram) relativamente ao futuro ocupante da Casa Branca.

Para Donald Trump, que tem surgido constantemente atrás nas sondagens, pode mesmo ser a última oportunidade que tem para alterar a dinâmica da corrida, que, neste momento, parece muito favorável ao seu opositor. Se no primeiro debate a sua prestação agressiva, com constantes interrupções a Biden, mereceu muitas críticas e o fez perder ainda mais terreno, Trump terá agora de tentar salvar a face. 

É, por isso, de esperar um comportamento bastante diferente por parte do actual inquilino da Casa Branca, talvez mais parecido com o da sua prestação no último debate com Hillary Clinton, em 2016. Na altura, Trump foi relativamente disciplinado, mantendo-se on message na maior parte do tempo, apostando no seu tema principal de combate ao sistema. Além disso, neste debate, o moderador terá a possibilidade de tirar o som aos microfones dos candidatos, pelo que a táctica de tentar destabilizar o adversário que utilizou no último debate será mais difícil de replicar.

É certo que atacará Joe Biden, em particular sobre a polémica que envolve o filho do democrata, Hunter Biden, ainda que este assunto não esteja a ter o sucesso que Trump esperaria, até porque as alegações que o rodeiam são muito duvidosas. Além disso, o nomeado republicano poderá continuar a tentar caracterizar uma presidência Biden como uma perigosa viragem à esquerda para os Estados Unidos. Talvez para tentar esvaziar essa linha de ataque, Joe Biden tomou finalmente posição, ainda que indirectamente sobre uma eventual expansão do Supremo Tribunal, anunciado que, caso eleito, encarregará uma comissão independente de estudar possíveis reformas no sistema judicial.

Por sua vez, Joe Biden terá apenas de jogar à defesa no debate de hoje. Com clara vantagem nas sondagens, o Veep de Obama tem de evitar gaffes e erros não forçados. Se possível, deverá mostrar mais energia e poderá continuar a aposta do primeiro debate em falar directamente ao público, já que a sua empatia natural é umas das suas principais forças. Se passar intocado por este debate, então seu o caminho rumo à presidência estará bem mais facilitado, enquanto que Trump terá de ficar à espera de um acontecimento excepcional e/ou de um monumental erro nas sondagens para se manter na Casa Branca.

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