sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Empate com sabor a vitória para Biden


Já está. Acabou a série de debates entre os candidatos à presidência e vice-presidência dos Estados Unidos. Em vez dos quatro debates previstos (três entre Donald Trump e Joe Biden e um entre Kamala Harris e Mike Pence), houve apenas três debates, já que o segundo, em formato de town hall foi cancelado depois de o presidente ter acusado positivo para Covid-19. 

O debate de ontem à noite ficou marcado por um clima menos conflituoso do que o frente-a-frente anterior. Foi um Donald Trump bem mais disciplinado o que ontem enfrentou Joe Biden e isso resultou numa discussão mais clara, com mais substância e onde se conseguiu perceber melhor o (muito) que separa os dois candidatos à Casa Branca.

Foi, no fundo, aquilo que se esperava do debate. Depois do chorrilho de críticas que recebeu após a sua prestação anterior e da consequente queda nas sondagens que sofreu, Trump não tinha outra hipótese senão moderar a sua atitude no embate de ontem. As linhas de ataque foram as esperadas, com destaque para a insistência na polémica que envolve Hunter Biden, o filho do concorrente democrata. Ainda que não pareça estar a ter resultados, a estratégia de Donald Trump parece ser replicar o cenário de há quatro anos, quando o caso dos emails de Hillary Clinton terá sido decisivo para a vitória do republicano. Onde Trump terá marcado mais pontos foi nos ataques a Biden por este querer desinvestir na prospecção de combustíveis fósseis (um assunto que pode valer votos importantes em alguns swing states) e quando o caracterizou como um político tradicional.

Por sua vez, Joe Biden, mostrou-se até mais assertivo e enérgico relativamente ao último debate. Talvez pudesse ser mais efectivo nas respostas a ataques de Trump, mas parece que, propositadamente, não quer estar sempre a apontar as sucessivas mentiras do seu opositor, por temer que a repetição se tornasse banal e, por isso, perdesse força. Contudo, foi eficaz a falar em temas que são populares junto do eleitorado como a resposta à pandemia, o Affordable Care Act e a Segurança Social. De qualquer forma, a melhor notícia para o antigo vice de Obama é que não cometeu nenhum erro e passou incólume pela última oportunidade com que o seu opositor contava para mudar o rumo da corrida.

Agora, salvo qualquer acontecimento excepcional, não haverá grandes novidades no que resta da campanha eleitoral. Numa altura em que cerca de um terço dos eleitores já votou, resta aos candidatos cumprir parte final da sua campanha e esperar que os seus argumentos convençam os poucos indecisos que ainda restam. 

Ontem, Donald Trump precisava de uma vitória retumbante para poder sonhar com uma recuperação nas sondagens. Como isso não aconteceu, o caminho está ainda mais aberto para Joe Biden, que tem tudo para se tornar o 46º presidente dos Estados Unidos.

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