A pandemia do Covid-19 está a paralisar praticamente o mundo todo (em especial o hemisfério Norte) e os Estados Unidos já não são excepção, desde que a administração Trump fez meia-volta e declarou este corona vírus como uma grande ameaça à saúde pública.
Naturalmente, numa situação de emergência como esta, até às importantes eleições primárias ficam para segundo plano e podem mesmo ficar numa espécie de stand-by, pelo menos até se ultrapassar a pior fase desta epidemia.
No passado Sábado, decorreu um debate televisivo entre Joe Biden e Bernie Sanders, os dois últimos candidatos (além da irrelevante Tulsi Gabbard) à nomeação presidencial pelo Partido Democrata. Como não podia deixar de ser, o tema Covid-19 ocupou grande parte da discussão, o que levou, com naturalidade, a que os dois concorrentes esgrimissem argumentos sobre as sua visões para o serviço de saúde norte-americano. Sanders, um defensor acérrimo de um serviço de saúde universal, à europeia, colidiu com a visão mais "americana" de Biden, que apoia um serviço de saúde prestado por privados, reforçando as medidas de regulação e protecção criadas pelo Obamacare.
Além disso e de alguma discussão em torno do historial de voto de Joe Biden, que terá sempre alguma dificuldade em defender o seu perfil moderado no Senado numa época em que os democratas são significativamente mais progressistas do que até há 12 anos, quando Biden abandonou a câmara alta, o debate de Sábado pouco acrescentou. A maior novidade terá sido mesmo o anúncio de Biden de que escolherá uma mulher para sua vice-presidente. Surpreendido pela decisão do seu adversário, Sanders praticamente prometeu fazer o mesmo, pelo teremos um ticket misto do lado democrata.
Hoje mesmo decorrerá uma nova ronda de primárias, ainda que com uma baixa. Com efeito, o governador republicano do Ohio decidiu suspender as primárias no seu Estado, apesar de uma decisão judicial em sentido contrário, por causa do epidemia do Covid-19. Pode parecer uma decisão sensata, mas é sempre preocupante vermos um político a cancelar uma eleição (ainda por cima do partido oposto ao seu) indo contra uma decisão de um tribunal, pondo em causa o sistema de checks and balances da democracia norte-americana.
Com esta decisão no Ohio, teremos primárias apenas na Florida, Arizona e Illinois e é expectável que Joe Biden vença facilmente os três estados. Depois disso, devemos entrar numa fase de suspensão das primárias, dado que muitos estados já anunciaram o adiamento da sua primária por causa do novo coronavirus. Fica, por isso, muito complicada a candidatura de Sanders, que, depois de hoje, deverá ver a sua distância para Biden em número de delegados alargar-se ainda mais. Para piorar a situação, foi hoje anunciado que foi o antigo VP de Obama a vencer no estado de Washington.
Assim, com a campanha prestes a entrar numa espécie de letargia, Bernie Sanders fica sem estrada para poder esperar por uma espécie de milagre que surgisse no percurso e trouxesse uma enorme reviravolta e o recolocasse na disputa pela nomeação. Nesta altura, não se sabe sequer em que moldes decorrerá a convenção nacional democrata, agendada para Julho. Resta, por isso, esperar para ver o que acontece nos próximos tempos que são, sem dúvida, extraordinários.
E você insiste na desinformação, João! Mas, infelizmente, está longe de ser o único. Não, a administração Trump não «fez meia-volta». Logo em Janeiro declarou uma emergência de saúde pública. Talvez esta notícia do Los Angeles Times, insuspeito de ser um «jornal de direita», finalmente o convença:
ResponderEliminarhttps://www.latimes.com/world-nation/story/2020-01-31/white-house-orders-health-emergency-over-coronavirus