Donald Trump dirigiu-se, ontem, à nação norte-americana para apresentar novas medidas de combate à pandemia provocada pelo Covid-19. Em destaque, esteve a interdição de voos provenientes do Espaço Schengen durante os próximos trinta dias.
Se há poucos dias o Presidente norte-americano via o surto do coronavírus como uma farsa promovida pelos democratas para minar a economia do país, Trump parece agora ter-se rendido às evidências e aos pedidos das comunidades médicas e científicas para que encarasse esta ameaça com a seriedade e urgência necessárias.
Contudo, a comunicação do Presidente não ficou isenta de críticas, internas ou externas. No seio do seu país, Trump foi censurado por não ter sido suficientemente claro e objectivo, o que gerou bastante confusão. Por esse motivo, Mike Pence, que lidera a task force de combate à epidemia, teve de vir hoje a público clarificar alguns pontos e desenvolver a explicação sobre as medidas previstas pela administração. Por outro lado, o facto de esta decisão não ter sido previamente discutida e analisada com os parceiros europeus, resultou numa reacção enérgica por parte dos líderes europeus, que acusam Donald Trump de unilateralismo, numa altura em que o perigo da pandemia obriga a uma reposta concertada a nível global. Depois, o facto de o Reino Unido - que não pertence ao Espaço Schengen - ter ficado de fora da interdição, levou a que alguns quadrantes considerassem que Trump está a fazer política e a premiar o brexit, processo que sempre defendeu.
Independentemente destas questões, a noite de ontem marcou, definitivamente, uma nova fase na forma como a Casa Branca encara esta pandemia. Após muitas semanas a desvalorizar o problema, Trump tem agora noção que o problema é bastante real e que terá um enorme impacto, inclusivamente para a questão da sua reeleição. O seu discurso e as medidas já anunciadas e/ou adoptadas revelam isso mesmo. A campanha de reeleição do Presidente anunciou até o cancelamento de comícios, algo que Trump vinha sempre a negar poder acontecer.
Ainda é cedo para perceber a dimensão da epidemia, no que diz respeito ao número de vítimas, mas é certo que se continuarão a perder vidas e que o presidente dos Estados Unidos é sempre julgado pela forma como reage a uma tragédia. Basta recordar o que o furacão Katrina representou para a presidência de George W. Bush para percebermos que, caso a resposta da administração não seja vista como eficaz e adequada pelo público, Donald Trump poderá ter grandes dificuldades em ser reeleito. Além disso, as consequências inevitáveis e profundas para a economia norte-americana podem retirar ao actual ocupante da Sala Oval aquele que era visto como o seu principal trunfo para Novembro: a pujança económica do país.
No fim de contas, as consequências político-eleitorais do Covid-19 são insignificantes e irrelevantes quando comparadas com as trágicas perdas de vidas e até com a provável recessão económica que se seguirá à epidemia. Contudo, elas existirão e merecem, também, serem acompanhadas. Haja saúde para o fazer.
Vá lá, João, não contribua, qual «vírus» ;-), para a propagação de notícias falsas: não é verdade que Donald Trump via o «corona» como uma «farsa» - esta, sim, estava na acusação, pelos democratas, de que a administração não dava importância ao problema nem tomou atempadamente as primeiras medidas adequadas... que tomou. A prova de que a Casa Branca cedo se «rendeu às evidências», que encarou o problema com «seriedade e urgência» e que não o desvalorizou está em que, logo em Janeiro, nomeou uma comissão de especialistas para acompanhar a situação e elaborar as medidas a aplicar, e decidiu a restrição/proibição de viagens de e para a China.
ResponderEliminarhttps://youtu.be/-YtV-dTSs7I
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