Barack Obama realizou ontem o habitual discurso do Estado da Nação perante o Congresso dos Estados Unidos. Foi a primeira vez que o Presidente norte-americano discursou no órgão legislativo federal desde que os republicanos assumiram a maioria do Senado e terá sido o seu último State of the Union (SOTU) relevante para o que resta da sua Presidência (daqui a um ano já estarão a decorrer as primárias presidenciais e o SOTU perderá importância).
Foi um Presidente aguerrido e confiante aquele que compareceu na Câmara dos Representantes, ontem à noite. Desde a derrota democrata nas eleições intercalares, Obama parece renascido e com uma nova dinâmica. Os números das sondagens revelam isso mesmo e o actual ocupante da Sala Oval tem já índices de aprovação muito perto dos 50%, valores que, há pouco tempo, parecia que Obama nunca mais iria atingir neste seu último mandato na Casa Branca.
No seu discurso, Barack Obama apresentou uma clara defesa ao que a sua Administração alcançou nestes últimos seis anos e deixou bem claro que os seus principais feitos, como o Obamacare, a reforma de Wall Street ou a amnistia de imigrantes ilegais não serão revertidos pela oposição. Além disso, apresentou o seu plano para os seus dois últimos anos na Casa Branca, reafirmando a sua aposta na classe média, que considera o principal pilar da economia e da sociedade norte-americana, defendendo cortes fiscais para estes cidadãos, que serão possíveis com aumentos de impostos para os norte-americanos mais abastados.
Assim, assistiu-se, ontem, no Capitoll Hill, a um Presidente mais combativo do que apaziguador, ainda que Obama tenha recuperado um dos seus mais famosos discursos de sempre para afirmar que os críticos estão errados quando dizem que não cumpriu a sua ideia de uma América unida, em vez de uma América dividida em liberais e conservadores, ou em negros e brancos.
Como é normal nestas ocasiões, a recepção ao seu discurso foi francamente positiva - uma sondagem da CNN mostrou que 81% dos norte-americanos deram uma nota positiva ao discurso do Presidente. Com este State of the Union, Barack Obama terá ganho ainda mais momentum, que lhe será, certamente, muito útil para enfrentar esta recta final da sua presidência. De facto, Obama volta a ser relevante e a ter capital político para fazer valer as suas ideias, mesmo perante um Congresso hostil e dominado pelo GOP. E isso também são boas notícias para Hillary Clinton, a provável nomeada presidencial para 2016 que logo após o final do SOTU deixou no Twitter o seu apoio a Barack.
Para o fim fica aquele que foi, no meu entender, o melhor momento de Barack Obama neste State of the Union. E, curiosamente, até foi improvisado...
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