Estamos a praticamente um mês da noite eleitoral de 8 de Novembro que decidirá quem sucederá a Barack Obama na Casa Branca, mas, por esta altura, é já praticamente certo que Donald Trump não virá a ocupar a Sala Oval a partir de 20 de Janeiro do próximo ano., depois de um mês de Outubro que tem sido absolutamente devastador para a sua candidatura.
O início do fim de Trump terá começado no primeiro debate televisivo face a Hillary, onde finalmente ficou totalmente clara a sua completa falta de preparação para assumir o cargo de Presidente dos Estados Unidos. Face a uma adversária segura, com a lição bem estudada e com a atitude correcta perante um adversário intelectualmente inferior (não repetiu, por exemplo, o erro que Al Gore cometeu em 2000 ao demonstrar o seu menosprezo por George W. Bush), o candidato republicano limitou-se ao populismo e à demagogia, sendo incapaz de desenvolver minimamente uma qualquer ideia política. Além disso, e ao contrário do que sucedeu em muitos dos debates das primárias republicanas, Trump não conseguiu desferir ataques certeiros de forma a destabilizar a sua adversária. Pareceu sempre na defensiva e sem argumentos para a antiga Secretária de Estado, além de ter, novamente, ofendido uma mulher e de se ter gabado de não pagar impostos.
A vitória de Hillary no primeiro debate foi de tal forma clara que, nos dias seguintes, Clinton disparou nas sondagens, deixando Trump, que, até esse ponto, tinha vindo a recuperar terreno, a cerca de 5% de distância. Contudo, a reacção de The Donald à sua derrota no debate serviu como que para atirar mais lenha para a fogueira. Desde de falar em problemas no microfone causados intencionalmente, passando por críticas ao moderador (que fez um excelente trabalho), até novos insultos a mulheres, tudo serviu ao candidato presidencial do GOP para desculpabilizar pelo seu fiasco.
Depois, veio a lume uma investigação do New York Times, que indiciou que Donald Trump poderá não ter pago impostos federais durante 18 anos, por ter apresentado, em 1995, um prejuízo de quase mil milhões de dólares. Esta narrativa parecia vir confirmar o rumor lançado por Hillary Clinton no debate, quando esta afirmou que Trump não divulgava as suas declarações de impostos com medo de duas coisas: ou de mostrar que afinal não é tão rico como gosta de afirmar ou de provar que esteve largos anos sem pagar impostos.
Contudo, o pior ainda estava para vir e, na Sexta-feira, veio a público uma gravação de Donald Trump, em 2005, a fazer comentários nada abonatórios sobre, pasme-se, mulheres. Nesta conversa, agora tornada pública, o magnata do imobiliário confessava assediar mulheres casadas e dizia que tudo era permitido a uma figura pública como ele. Nas últimas horas, as consequências de mais este caso têm sido dramáticas para a candidatura de Trump. Vários republicanos de nomeada (como John McCain ou Kelly Ayotte) vieram retirar o seu apoio ao nomeado do partido e muitos insiders pedem mesmo a sua desistência, algo que não sucederá - devido à personalidade do próprio candidato (antes quebrar que torcer) e por motivos logísticos (neste momento, já muitos norte-americanos, incluindo o próprio Obama, já votaram antecipadamente).
Agora, a não ser que algo de catastrófico suceda à candidatura de Hillary Clinton, é certo que será a concorrente democrata a vencer a eleição presidencial de 8 de Novembro. Apesar de não ser uma candidata perfeita, longe disso, Hillary tem gerido uma campanha serena, profissional e altamente competente. Com larga vantagem financeira e organizativa, a antiga Primeira-Dama seria sempre favorita no cenário de uma corrida equilibrada. Assim, com uma vantagem considerável nas sondagens e o seu adversário em queda livre nos estudos de opinião e acossado pelo seu próprio partido, é de esperar um landslide que "coroe" Hillary Clinton como a 45ª Presidente dos Estados Unidos. Para Trump, que glorifica os vencedores e abomina os vencidos, a noite da sua derrota deverá ser especialmente agonizante.
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