Foi uma noite morna a da Super Tuesday de ontem no que diz respeito às primárias do Partido Democrata. No cômputo geral, e como se esperava, Hillary Clinton conseguiu uma sólida vitória, amealhando sete dos onze Estados em jogo, entre eles o maior prémio em jogo, o Texas, e o Massachussetts, que Bernie Sanders contaria conquistar para a sua coluna. A estes dois, Hillary juntou o Arkansas (onde foi Primeira-Dama, quando Bill Clinton foi Governador), o Alabama, a Georgia, o Tennessee e a Virginia. Por seu lado, Bernie Sanders ganhou nos caucuses do Colorado e Minnesota, no seu Estado do Vermont e no Oklahoma - aqui, de forma algo surpreendente e evitando o pleno de Hillary no Sul.
Já se sabia que iria ser uma noite complicada para Sanders, que fez bem em baixar as expectativas da sua candidatura no que dizia respeito à Super Tuesday, mas é difícil de ver um caminho viável que leve o Senador do Vermont até à nomeação presidencial democrata. Até agora, Hillary venceu 10 das 15 eleições realizadas, tem uma vantagem esmagadora em termos de superdelegados e apoio da estrutura partidária, conta com os votos das minorias e dos blue collar workers e pode fechar a contenda ainda este mês.
Bernie Sanders, que tem vencido caucuses, formato que favorece a sua campanha, por contar com apoiantes organizados e entusiastas, conta ainda com muito dinheiro no banco (os últimos números de dinheiro angariado superam mesmo os da sua adversária) e deverá permanecer na corrida durante mais algum tempo. A vitória no Oklahoma amenizou o desaire sofrido a Nordeste, no Massachussetts, e permite-lhe dizer que não foi derrubado pela Super Tuesday. Ainda assim, e como já começou a dizer no discurso de ontem, a sua campanha é mais do que a eleição de um presidente, mas sim o forjar de um movimento liberal (ou socialista), porventura fazendo à Esquerda o que o Tea Party fez pelo movimento conservador.
Bernie Sanders, por ter tido um desempenho surpreendente e conseguido cativar milhares de eleitores, em especial jovens e com elevados níveis de escolaridade, será sempre uma figura a ter em conta no Partido Democrata e Hillary Clinton, ciente disso, não forçará a desistência do seu antigo colega no Senado e deverá passar mensagens de paz e união para a campanha de Sanders. Porque, agora, é já claro para a Hillaryland que a ex-Secretária de Estado será a nomeada democrata e terão de começar a pensar no grande desafio que os espera, em Outubro, quando tiverem de enfrentar o candidato escolhido pelos republicanos.
Em resumo, a Super Tuesday não foi o ponto final parágrafo na corrida democrata, mas terá sido, ainda assim, um dos últimos capítulos decisivos antes do desfecho há muito aguardado: a vitória da super favorita Hillary Clinton.
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