Depois de uma longa época de pré-campanha que durou praticamente todo o ano de 2015 (num período que costuma ser conhecido como a "primária invisível", o Iowa marcou o início oficial das eleições presidenciais norte-americanas. E, com os primeiros resultados a serem conhecidos, começaram, sem surpresa, as desistências da corrida por parte daqueles que não conseguiram passar a sua mensagem.
Logo na noite do caucus do Iowa, Martin O'Malley anunciou a suspensão da sua campanha, o que significa sempre a desistência. Numa corrida a dois entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, o ex-Governador da Virginia nunca se conseguiu afirmar e viu Sanders a assumir o papel que estaria a pensar que seria o seu: o de representante da ala mais liberal do Partido Democrata. Com esse espaço ideológico ocupado pelo senador do Vermont e com Hillary a dominar as preferências do establishment democrata, a campanha de O'Malley, que chegou a ser apontado como um forte candidato, nunca teve qualquer hipótese.
Ainda na noite de 1 de Fevereiro, também Mike Huckabee saiu da corrida, depois de um péssimo resultado num caucus que havia vencido de forma surpreendente em 2008. Contudo, desta vez, o antigo Governador do Arkansas não contava com o factor novidade e não conseguiu voltar a contar com o voto evangélico, que votou preferencialmente em Ted Cruz.
Curiosamente, Huckabee teve exactamente o mesmo resultado (1,8% dos votos) que Rick Santorum, o último vencedor no caucus do Iowa, em 2012. Santorum, que só teve o destaque que teve há quatro anos porque o leque de candidatos era dos mais fracos de sempre, não repetiu a graça e confirmou a irrelevância da sua candidatura. Ontem, também anunciou a sua desistência.
Se todas estas desistências eram esperadas devido aos maus resultados que o Iowa trouxe a estes ex-candidatos, já a desistência anunciada ontem por Rand Paul é um pouco mais surpreendente. O actual senador do Kentucky, eleito na onda republicana de 2010, partiu como uma das principais figuras para esta campanha eleitoral. Contudo, os seus números nas sondagens nunca descolaram e nem sequer foi capaz de atrair o voto do eleitorado libertário que apoiou entusiasticamente o seu pai Ron Paul em 2012. Contudo, Rand podia ainda tentar um pequeno surge no New Hampshire, precisamente o Estado com um bloco libertário mais importante e onde o seu pai conseguiu um segundo lugar há quatro anos. Assim, esperava-se que Paul fizesse uma última tentativa antes de sair da corrida. Não foi essa, porém, a decisão de Rand Paul que, com problemas em angariar dinheiro, relegado para os debates secundários e preocupado com a sua reeleição para o Senado em Novembro, preferiu desistir já e minimizar os riscos.
No New Hampshire, daqui a cinco dias, far-se-á uma nova selecção de candidatos, em especial do lado republicano, já que no campo democrata a corrida está limitada a dois concorrentes. Com o leque de candidatos da ala do establishment republicano ainda largo (além do agora favorito Rubio, ainda seguem Jeb Bush, Chris Christie e John Kasich), é bem provável que depois da primária do granite state ocorram mais desistências até porque a Super Tuesday de 1 de Março aproxima-se e os candidatos precisarão de muito dinheiro para disputarem 14 Estados simultaneamente. Veremos, por isso, quem serão os próximos dropouts da classe de 2016.
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