quinta-feira, 28 de março de 2013

Palin prepara-se para 2014

Há pouco tempo, falei no ocaso político de Sarah Palin que, de estrela fulgurante do Partido Republicano em 2008, passou a uma figura política marginal desde que optou por não concorrer à Casa Branca nas últimas eleições. Porém, a ex-Governadora do Alaska parece querer contrariar os obituários (políticos) que lhe vão fazendo e está a preparar-se para ser uma força a ter em conta para as eleições intercalares do próximo ano.
Ontem, o Super PAC de Palin lançou um vídeo onde relembra alguma das vitórias de candidatos republicanos apoiados por si, como Ted Cruz, o senador texano que tem feito furor nos últimos tempos e é visto como uma estrela em ascensão pela ala mais conservadora do GOP. Com este anúncio, a candidata vice-presidencial de John McCain em 2008, começa a marcar terreno para poder vir a ter uma palavra a dizer no próximo ciclo eleitoral, especialmente nas primárias republicanas, onde o eleitorado mais conservador (tendencialmente mais favorável a Sarah) tem maior influencia. 
A presença destacada de figuras proeminentes da ala mais conservadora do Partido Republicano pode, contudo, não ser uma boa notícia para as chances eleitorais do GOP, porque, como se tem visto nas últimas eleições, isso leva, frequentemente, à escolha de candidatos muito afastados do centro político norte-americano com resultados devastadores nas urnas para os republicanos. Ainda assim, é sempre interessante assistirmos ao regresso à arena política de uma das mais interessantes e polémicas personalidades norte-americanas dos últimos anos. Pode ser que, afinal, as notícias da morte (política) de Sarah Palin se venham a revelar ser manifestamente exageradas.

quarta-feira, 27 de março de 2013

À espera de Hillary

Com a agenda política dos Estados Unidos pouco activa (apesar da expectativa em redor da decisão do Supremo Tribunal sobre a constitucionalidade da proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo na California), qualquer political junkie que se preze é levado a desviar a sua atenção para o próximo ciclo eleitoral. Como as intercalares de 2014 são de menor importância em relação às presidenciais de 2016, é natural que a próxima corrida pela Casa Branca mereça prioridade e se comece a antever a sucessão de Barack Obama.
E, neste momento, a grande questão que domina as atenções é a eventual candidatura de Hillary Clinton. No Partido Democrata, as primeiras movimentações de possíveis candidatos estão como que congeladas, com as principais figuras "presidenciáveis" a esperarem para ver o que fará Hillary Clinton. Se a antiga Secretária de Estado decidir mesmo concorrer à presidência, então é provável que o campo de candidatos se reduza drasticamente, já que o favoritismo de Hillary é de tal ordem que poucos pensam ser possível derrotá-la. Aliás, há mesmo quem considere que a esposa de Bill Clinton, caso venha a entrar na campanha, será a mais forte frontrunner de sempre numa eleição presidencial. 
Contudo, também em 2008 Hillary Clinton era tida como a presumível nomeada democrata e sabemos hoje como isso resultou para ela. Ainda assim, é preciso ter em conta que a ex-Primeira Dama é, neste momento, muito mais consensual na sociedade americana do que há cinco anos, quando era uma figura muito polarizadora. Além disso, é pouco provável que volte a surgir um candidato como Barack Obama, que faça sonhar os americanos e o mundo com o seu carisma e a sua capacidade oratória. 
Assim sendo, parece evidente que, neste momento, o Partido Democrata (e também, pelo menos em parte, o GOP) está em suspenso à espera do primeiro movimento por parte de Hillary. Se concorrer, será, em circunstâncias normais, quase imbatível nas primárias democratas. Já no que diz respeito à eleição geral, será outra conversa, porque estará sempre muito dependente do que suceder durante o que resta da presidência de Obama. Caso os democratas cheguem a 2016 com uma boa imagem, então tudo se conjugará para que Hillary Clinton cumpra o seu sonho de se sentar na Sala Oval. Se o conseguir, tornar-se-á não somente a primeira mulher a assumir a presidência norte-americana, mas também a personalidade com o mais rico currículo político de sempre:  Primeira-Dama (não deixa de ser um cargo político e Hillary foi uma First Lady particularmente activa), Senadora, Secretária de Estado e, finalmente, Presidente dos Estados Unidos.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Obama a perder popularidade

Como se pode constatar através deste gráfico do Real Clear Politics, Barack Obama tem, nas últimas semanas, vindo a perder grande parte da popularidade (no que diz respeito à taxa de aprovação do seu trabalho) que conquistou após a sua vitória eleitoral que lhe garantiu o direito a um segundo mandato na Casa Branca.
Esta descida nas sondagens é provavelmente consequência do impasse em Washington entre a Casa Branca e os republicanos no Congresso que impede a chegada a um acordo em relação ao défice federal. Apesar de a maioria dos norte-americanos continuar a culpar mais o Partido Republicano do que o Presidente pelo falhanço das negociações, a verdade é que também Obama vê a sua imagem ser beliscada pela incapacidade dos dois lados se entenderem quanto a eventuais cortes na despesa do Estado e aumentos de impostos.
Ciente da sua perda de popularidade, Obama terá de reagir rapidamente, de forma a não desperdiçar o capital político conquistado pela sua reeleição sem o ter aproveitado para conseguir uma vitória legislativa, como, por exemplo, a reforma da imigração. Veremos, nos próximos tempos, se o 44º Presidente é capaz de recuperar o terreno perdido e partir para um segundo mandato de sucesso ou se, como aconteceu na segunda metade do seu primeiro mandato, fica refém de um Congresso hostil e da sua própria impopularidade.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Obama em Israel

Após um primeiro mandato em que foi notícia o alegado distanciamento entre o Presidente norte-americano e o Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Barack Obama procura agora melhorar a relação com um dos principais aliados dos Estados Unidos da América. Assim, escolheu Israel como o destino da sua primeira viagem de Estado no seu segundo mandato na Casa Branca.
Além do Estado judaico, Obama também visitará o West Bank e reunirá com o Primeiro-ministro palestino. Como não podia deixar de ser, o processo de paz entre Israel e a Palestina estará em destaque, ainda que este tema não seja agora merecedor de tanta atenção e importância por parte da diplomacia norte-americana. Actualmente, os Estados Unidos parecem mais preocupados com a situação no Irão, na Síria e um pouco por todo o Médio Oriente, desde que a Primavera Árabe veio transformar radicalmente o panorama político e estratégico da região.
Assim, não se deve esperar grandes feitos diplomáticos desta viagem do Presidente norte-americano. É altamente improvável que Obama venha a fazer da resolução do conflito israelo-palestiniano um dos principais objectivos do seu segundo mandato. É certo que esse seria um fantástico legado para a sua presidência, mas, como Bill Clinton tão arduamente aprendeu no final da sua estadia na Casa Branca, nem mesmo toda o peso do selo presidencial dos Estados Unidos é suficiente para fazer com que israelitas e palestinianos se entendam. Por isso, a visita de Obama ao Médio Oriente mais não deve ser encarada do que como o cumprimento dos serviços mínimos pelo Presidente norte-americano para silenciar as críticas internas que o acusam de não ser suficientemente pró-Israel.

terça-feira, 19 de março de 2013

O casamento homossexual na ordem do dia

Nos últimos anos, temos assistido a uma lenta mas progressiva liberalização da sociedade norte-americana no que diz respeito aos costumes. A legalização do aborto, estabelecida pela histórica decisão do Supremo Tribunal no caso Roe vs Wade é hoje praticamente incontestada e poucos são já os políticos, mesmo entre o Partido Republicano, que fazem da proibição da interrupção voluntária da gravidez um dos destaques da sua plataforma política. 
Contudo, a liberalização dos norte-americanos é particularmente evidente num outro assunto fracturante: o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Outrora um direito defendido por apenas uma minoria, hoje o casamento homossexual conta já com o apoio da maioria dos cidadãos dos Estados Unidos. Uma sondagem da ABC News e do Washington Post mostrou que 58% dos americanos é a favor do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, um aumento brutal em relação aos números de 2004, quando apenas 32% dos inquiridos se dizia favorável ao casamento gay.
Como não podia deixar de ser, esta mudança de atitude e de mentalidade entre o povo tem repercussões na classe política. Em 2012, foi marcante a mudança de opinião de Barack Obama que veio a público declarar o seu apoio à união homossexual. Entretanto, vários políticos demonstraram-se também a favor, com destaque para o senador republicano Rob Portman, outrora um opositor do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, que anunciou publicamente a sua mudança de opinião (era contra o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo). No lado democrata, precisamente durante o dia de ontem, Hillary Clinton também veio declarar o seu apoio ao casamento homossexual, atitude que pode muito bem ter as eleições presidenciais de 2016 como pano de fundo.
Por outro lado, a justiça norte-americana pode também ter, nos próximos tempos, um papel importante a desempenhar na temática. Aguarda-se, a qualquer momento, a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos relativamente à proibição do gay marriage no Estado da Califórnia, sendo que o desfecho mais provável é a declaração da inconstitucionalidade da legislação estadual pelo mais alto órgão judicial do país.
Como se pode ver, o casamento homossexual está, nos dias que correm, na ordem do dia na agenda mediática e política dos Estados Unidos. Todavia, a manter-se a actual tendência liberal ao nível dos costumes na sociedade norte-americana, é bem provável que este tema se torne cada vez menos polémico e fracturante.

terça-feira, 12 de março de 2013

Ashley Judd para o Senado?

A famosa actriz Ashley Judd poderá estar na calha para concorrer a um cargo no Senado dos Estados Unidos pelo Kentucky. A estrela de Hollywood ainda não declarou formalmente a sua candidatura, mas os seus actos apontam para que, no próximo ano, venha mesmo a tentar ser eleita para a câmara alta do Congresso. Se o fizer e conseguir a nomeação pelo Partido Democrata, Judd enfrentará Mitch McConnell o poderoso líder da minoria republicana no Senado. 
A confirmar-se, esta será porventura a corrida mais mediática do próximo ciclo eleitoral, pois colocará frente-a-frente um dos líderes republicanos no Congresso e uma conceituada membro do show business norte-americano. Para os democratas, a perspectiva de uma candidatura de Judd é cativante, pois a actriz é muito conhecida no Kentucky e seria certamente capaz de angariar grandes somas monetárias para financiar a sua campanha. 
Contudo, a tarefa de Ashley Judd não se afigura nada fácil. Em primeiro lugar, o Kentucky é actualmente um Estado fortemente republicano (em 2012, Mitt Romney derrotou Barack Obama com uma vantagem superior a vinte pontos percentuais) e McConnell conta com uma grande estrutura de suporte, bem como apoios de renome para a sua candidatura. Depois, Judd, apesar de muito conhecida, tem posições demasiadamente liberais quando comparadas com as do eleitor comum do Kentucky e isso diminuirá muito as suas hipóteses de eleição. Desta forma, tudo aponta que nem uma candidatura por parte da estrela de Hollywood colocará em perigo a reeleição de Mitch McConnell. Ainda assim, caso se confirme a candidatura de Judd, esta será uma corrida a seguir com muita atenção.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O épico filibuster de Rand Paul

Actualmente, o procedimento de filibuster no Senado dos Estados Unidos significa que uma minoria de até 41 dos 100 senadores pode bloquear uma medida legislativa na câmara alta do Congresso. Contudo, originalmente, o filibuster obrigava a que um legislador se mantivesse a falar de forma praticamente ininterrupta de forma a que esse bloqueio fosse realmente efectivo. 
Esta semana, o Senador republicano Rand Paul voltou a pôr em prática esse costume e esteve cerca de 13 horas de pé, a falar, no pódio do Senado, com o objectivo de bloquear a nomeação presidencial de John Brennan para director da CIA. Apesar do filibuster, Brennan acabou por ser confirmado, depois de Rand Paul ter posto fim à sua maratona oratória, satisfeito com o facto de a Administração ter respondido (negativamente) à sua questão sobre a possibilidade de o Presidente ordenar um ataque de drones contra um cidadão norte-americano em solo dos Estados Unidos.
O filibuster do filho de Ron Paul teve duas consequências imediatas. Em primeiro lugar, voltou a colocar na ordem do dia a reforma do próprio procedimento de filibuster, um tema que havia sido abandonado recentemente pelo líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid. Por outro lado, o destaque mediático de Rand Paul voltou a suscitar rumores sobre uma eventual candidatura presidencial do actual senador pelo Kentucky em 2016. Aliás, o próprio admitiu ponderar essa possibilidade, ciente que carrega agora o estandarte da causa libertária nos Estados Unidos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Obama decidido a recuperar a Câmara dos Representantes

Barack Obama venceu há poucos meses aquela que terá sido a última eleição da sua vida, mas estará já com os olhos postos no próximo ciclo eleitoral, ainda que o seu nome não vá constar dos boletins de voto. Em 2014, haverá eleições intercalares e o Presidente dos Estados Unidos parece determinado a recuperar o controlo da Câmara dos Representantes para o seu partido. 
A tarefa não se avizinha nada fácil, já que o Partido Democrata terá de conquistar 17 assentos na câmara baixa do Congresso ao GOP. Apesar de ser possível, e até provável, que os democratas sejam o partido mais votado nas eleições para a House, a verdade é que a actual distribuição dos círculos uninominais favorece claramente os republicanos que, após as suas vitórias retumbantes nas midterms de 2010, redesenharam os distritos de forma a terem vantagem nas eleições para a Câmara dos Representantes. 
Assim sendo, os democratas terão de obter um excelente resultado para serem capazes de se tornaram novamente maioritários. E é nesse sentido que Obama tem trabalhado, envolvendo-se mais directamente do que nunca no planeamento da estratégia da campanha do próximo ano e, principalmente, concentrando-se em angariar rios de dinheiro para os candidatos democratas serem o mais competitivos possível. Todavia, o contributo do 44º Presidente será principalmente ao nível organizacional e financeiro e menos focado no apoio pessoal aos candidatos no terreno (como, por exemplo, com presenças em eventos de campanha). Isto porque, neste momento, os democratas controlam a grande maioria dos distritos onde o seu candidato presidencial venceu em 2012, pelo que terão de apostar em terrenos onde Obama é relativamente impopular.
Esta nova atitude do Presidente em relação às eleições para o Congresso (noutros ciclos eleitorais mostrou-se bem menos interessado em ajudar o seu partido) prende-se sobretudo com a preocupação em garantir um legado duradouro e efectivo para a sua presidência. Frustrado com a ausência de entendimentos com a oposição republicana no Congresso, Obama já percebeu que a melhor forma fazer passar legislação de relevo neste seu segundo mandato é contar com uma maioria democrata no Capitólio.
Deste modo, Obama aposta na recuperação da Câmara dos Representantes - que terá de ser conjugada com a manutenção da maioria democrata no Senado, o que não é um dado adquirido - para garantir que a sua agenda legislativa será cumprida e que o legado da sua presidência deixará uma profunda marca na história norte-americana. Com esta nova estratégia, Barack Obama parece estar a dizer: "se não te podes juntar a eles (ou eles a ti), derrota-os".

terça-feira, 5 de março de 2013

Um luso-descendente no Cabinet de Obama

Barack Obama anunciou ontem que Ernest Moniz é a sua escolha para substituir Steven Chu na liderança do Departamento de Energia da sua administração. Moniz, filho de pais açorianos que emigraram para o Massachusetts, será, caso seja confirmado pelo Senado, o próximo Secretário da Energia dos Estados Unidos. Especialista em energia nuclear, o luso-descendente é físico no conceituado MIT, tendo já servido como Subsecretário da Energia na Administração Clinton. Como o seu antecessor, Moniz tem grandes preocupações sobre a questão das alterações climáticas e é um defensor da energia nuclear. 
As políticas energéticas estão, actualmente, no centro da discussão política, pelo que se espera que a confirmação de Ernest Moniz (assim como a da nova directora da Agência de Protecção Ambiental, também nomeada ontem) possa provocar alguma discussão no Senado. Contudo, com Obama a solicitar uma rápida confirmação por parte da câmara alta do Congresso, é expectável que Moniz não tenha de esperar muito tempo para se tornar oficialmente no único luso-descendente no Cabinet de Barack Obama.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Jon Favreau goes to Hollywood

Com a entrada de um Presidente num novo mandato na Casa Branca é normal que ocorram algumas alterações no staff presidencial, com a saída de colaboradores cansados ou cujo ciclo terminou e com a chegada caras novas para ajudarem o Commander-in-Chief em mais quatro anos à frente dos destinos dos Estados Unidos. Entre as saídas, conta-se o nome de Jon Favreau, o principal speechwriter de Barack Obama, que colaborava com o actual Presidente desde 2005.
Favreau, que foi um dos mais novos escritores de discursos presidenciais de sempre (chegou à Casa Branca com 27 anos, estabeleceu uma funcional e proveitosa relação com Obama, que chegou a afirmar que Favreau era capas de ler a sua mente. Com uma ascensão meteórica no seio da política, o jovem oriundo do Massachusetts prepara-se agora para enfrentar um novo desafio, o da sétima arte. Após deixar, no início deste mês, a Casa Branca, Favreau irá mudar-se de malas e bagagens para Hollywood, onde o seu currículo lhe deve abrir muitas portas, nomeadamente no que diz respeito à escrita de argumentos para filmes. Aliás, há mesmo quem diga que Jon Favreau tem já um guião na calha.
Não se sabe ainda qual o género cinematográfico da eleição do antigo speechwriter de Obama, mas, com o seu background, não seria de admirar que estivessemos na presença do futuro argumentista de uma série como The West Wing ou de um filme como Nos Idos de Março. E se a escolha de Favreau recaísse mesmo sobre o grande ecrã, seria curioso uma parceria com o seu homónimo de Hollywood, o realizador Jon Favreau. Juntos, poderiam formar uma dupla de sucesso.

domingo, 3 de março de 2013

O sequestro fiscal

Infelizmente, por razões profissionais mas também de saúde, o Máquina Política não tem sido actualizado com a periodicidade do costume. Ainda assim, também é verdade que as últimas semanas não têm sido muito "agitadas", no que à actualidade política dos Estados Unidos da América diz respeito. Entre algumas outras questões, como a confirmação de Chuck Hagel como Secretário da Defesa ou a polémica em torno de alegadas ameaças da Casa Branca ao famoso jornalista Bob Woodward, o principal destaque noticioso tem recaído sobre o polémico "sequestro fiscal".
Importa recordar que, no final do ano passado, foi evitado o tão falado "precipício fiscal", que previa um grande aumento de impostos e brutais cortes na despesa federal de forma a reduzir o défice dos Estados Unidos. Contudo, esse precipício foi mais adiado do que evitado, já que a maioria dos cortes na despesa foram apenas adiados no tempo na esperança que democratas e republicanos chegassem a um entendimento antes que esses cortes entrassem definitivamente em vigor. Acontece que o prazo para um acordo entre os dois lados foi já ultrapassado e, no passado dia 1 de Março, entrou em vigor o tal "sequestro", que implementou uma série de cortes na despesa do Estado federal norte-americano, com especial ênfase em despesas militares.
Agora, com a redução na despesa federal efectivamente em vigor e sem que os dois partidos tenham chegado a um acordo, a principal batalha a decorrer é a da opinião pública. Barack Obama foi lesto a responsabilizar o GOP pelo falhanço negocial. Alertando para as consequências do "sequestro" para a economia americana, prevendo uma quebra do crescimento e um pequeno aumento do desemprego, Obama espera capitalizar com a actual grande impopularidade do Partido Republicano junto do eleitorado. Por seu lado, os republicanos culpam o Presidente pelo azedar das relações bipartidárias e vão dizendo que sempre foram defensores da redução da despesa como melhor forma de combater o défice.
Ainda que subsistam algumas esperanças num acordo tardio entre Barack Obama e John Boehner, o Speaker da Câmara dos Representantes controlado pelos republicanos, o mais provável que o "sequestro fiscal" continue em vigor, pelo menos durante as próximas semanas. Neste momento, a posição de Obama, com boas taxas de popularidade, parece melhor do que a dos republicanos, em baixa nas sondagens. Todavia, este cenário pode mudar rapidamente, especialmente se as consequências negativas do sequestro não forem muito sentidas pela maioria dos norte-americanos. Nesse caso, os republicanos veriam fortalecido o seu argumento da necessidade de reduzir a despesa federal para fazer face ao défice. Assim, o melhor é mesmo esperar para ver quem acabará por ficar refém deste sequestro.